Sobre a Olimpíada ...

Tem que comentar, né? É o acontecimento da semana, do mês, do ano. Confesso que, dada a distância geográfica, estive um tanto distante da discussão.

A primeira coisa que vem à cabeça é: "Porra, o Nuzman vai meter a mão outra vez" - Mas, a verdade é que as coisas precisam ser analisadas por outros ângulos. Vou apresentar dois.

A Imprensinha do bem, Juquinha e sua turba enfurecida mostram a escolha do Rio como sede da Olimpíada, de maneira nada olímpica. Criticam o óbvio, comparam com Londres e pintam o diabo da corrupção e da bandalheira, sempre de maneira minímalista.

Em princípio, Comparar a estrutura que está sendo construída aqui com a que o Rio terá é, no mínimo imoral. É o mesmo que dizer que, se você só pode se casar, se puder bancar uma festa igual ou melhor a do Fofucho com a Cicarelli.

"Sua noiva não é modelo? Não vai ser em um castelo da Europa? A Caras não vai cobrir? Sem Boing fretado para os convidados? Então não pode !!!"

Não existe comparação entre estruturas tão distintas. Comparar a organização da Copa de 2010 com a anterior é o mesmo. Na Europa sobra dinheiro, as cidades já estão prontas, tudo que é investido têm retorno garantido e além do mais, o legado é muito bem aproveitado depois.

Agora me respondam; Dá para investir um bilhão de dólares em um estádio na África do Sul? Para fazer o que com ele depois?

Porém isso é argumento suficiente para não fazer? O pré julgamento, ou melhor, a pré condenação é justa? Se as cidades não possuiam infra estrutura, então nunca serão dignas de ter um dia? O sofrido povo sulafricano não merece ter um upgrade nos transportes, na segurança, comunicações e demais melhorias que ficarão após a Copa?

Voltemos aos "sérios comentaristas esportivos. Ora, essa gente que leva seus desafetos pessoais para as redações, nada faz para mudar a ordem das coisas. Ao invés de criticar pura e simplesmente, porque não tentar mobilizar para alterar o status quo? Se as pessoas que irão administrar não prestam, a solução é atirar pedras na iniciativa? Usar o surrado argumento da patifaria generalizada é suficiente para inviabilizar o evento?

Sobre isso, Felipe Giocondo, do blog palestrino Sobre Porcos e Ratos, muito bem escreveu:

"E viva o Brasil

Certa vez, ao chegar em casa, um sujeito encontrou sua mulher no sofá com outro cara. Descobriu, logo depois, que aquela cena se repetia há tempos, sempre no mesmo velho e rasgado sofá.

Eis que, para acabar com a farra, o sujeito se livrou do sofá e pensou, que assim, estaria livre das traições da mulher.

E é pensando dessa forma que muitos torceram contra o RJ na votação de hoje. Porque aqui no Brasil os políticos são corruptos, os empreiteiros superfaturam obras, o povo não fiscaliza e depois reclama que é roubado.

Porque só nesse pais se reelegem corruptos, presidente deposto volta para a política, governador indiciado é o deputado mais votado do país.

A culpa de tudo, claro, são dos nossos políticos de merda. Vai ver que e por isso que elegemos um Frank Aguiar, pra ver se a coisa muda de figura. Ou mesmo Ademir da Guia, Biro-Biro.

Dizem que o Brasil não pode receber uma Copa do Mundo e muito menos as Olímpiadas na sequência porque todo mundo que organizar vai levar o seu por fora.

Querem punir o Brasil e o povo brasileiro porque somos incapazes de punir aqueles que nos roubam. Então é mais fácil tirar o sofá da sala, entende?

Hoje, mais uma vez, me orgulhei do país em que vivo, em que nasci. Mesmo que aqui tenhamos de tudo, a começar por muita gente descompromissada e corrupta. Mas temos o outro lado, do povo hospitaleiro, do jeito simples, do orgulho pelas coisas da nossa terra.

E é disso que é feita uma festa como as Olímpiadas. Do povo, da energia da população, da receptividade com quem vem nos visitar, não importando se ali temos pretos, brancos, judeus ou latinos.

Se eu pensasse como essa gente iria sugerir que acabassem com os blogs, porque se alguns usam o espaço pra mentir ou ser irresponsável, é melhor matar o "meio" de uma vez. Ou tirar o sofá da sala.

Parabéns Rio de Janeiro, parabéns povo brasileiro."

Na sexta-feira, quando estive com vários espanhóis, me impressionou a reação da turma. As pessoas me davam parabéns e diziam que era um grande orgulho sediar um evento tão importante, na verdade, os dois maiores eventos esportivos mundiais em tão curto espaço de tempo.

Porque não parar de espinafrar e tentar compreender o que o mundo todo já sabe. A imagem do país mudou. E para melhor. A economia é estável, a democracia também, Lula transformou o Brasil em protagonista e a intelligentzia internacional pôde sacar que as grandes idéias não saem obrigatóriamente da cartola de intelectuais e pensadores. Um operário pode fazer diferença.

Então, deixemos os preconceitos e o complexo de vira-latas de lado e pensemos em formas viáveis de controle dos gastos e da troca das maçãs podres que dominam os viciados meios político e esportivo nacional. Assim teremos o legado estrutural e moral para fazer do novo gigante mundial um lugar decente para se viver.