quarta-feira, 13 de maio de 2009

A Noite Dos Seis Milagres. Por Lédio Carmona


Texto e imagens:


do Blog do Lédio Carmona

ter, 12/05/09

por Lédio Carmona

Quando será inaugurada a estátua de São Marcos no Parque Antarctica? Não dá mais para adiar essa necessidade. Marcos é daqueles goleiros que aparece na hora do aperto. Que não tem medo da pressão. Que adora enfrentar caldeirões. Que faz defesa de almanaque em final de Copa do Mundo. Que não tem papas na língua. Que é autêntico e não soa nem um pouco hipócrita e falso. Que é admirado por companheiros, dirigentes, dirigentes e até torcedores adversários. Que não é marqueteiro. Que não tem ataques de cafonice e breguice para aparecer. E que, para ser mais atual, adora se consagrar em decisões por pênaltis na Libertadores.

Marcos é único. Talvez Taffarel tenha sido melhor do que Marcos. Idem, Gilmar dos Santos Neves.

Mas, com todo respeito, igual a Marcos, só São Marcos. E foi esse santo careca, escrachado, desprovido de marra e afetações que garantiu a classificação do Palmeiras hoje para as quartas-de-final diante do Sport, na Bombonilha do Retiro. Dramático, épico e inesquecível. Do que jeito que Marcão, o original, gosta.

Marcos é goleiro que faz atacante tremer. Não é o atacante quem o acua. Ele consegue ser quente e frio ao mesmo tempo. O fervor vem do seu tesão, de sua vontade de jogar e resolver. A frieza está no olhar na direção do adversário. Aquela coisa do tipo “eu-sei-o-que-você-vai-fazer-e-vou-fazer-você-errar”. Isso faz diferença. O carisma de Marcos é letal contra quem o enfrenta.

Paulo Baier deve ter sentido isso na pele. (Nota expatriated.: Eu diria que Paulo Baier, o geriátrico, fez sua melhor partida pelo Palmeiras ontem!)Nelsinho Batista armou o Sport certinho. Foi até melhor do que Vanderlei. Igor na lateral-direita, Daniel Paulista e Andrade na proteção aos zagueiros, Luciano Henrique e Paulo Baier na criação, com Ciro e Wilson na frente. Já o Palmeiras entrou com três zagueiros, óbvio como minha atual rouquidão, e deixou Keirrison como Robinson Crusoé no ataque. A pressão era inevitável. Até porque o espetáculo da torcida do Sport era comovente nas arquibancadas da Ilha do Retiro.

Por sinal, não entendo como ainda não respeitam o Leão como time grande. Eu digo que é grande, que tem torcida grande e que faz a diferença. O Sport hoje é maior do que muito grande cheio de pose pelo Brasil. Gente que vive de passado e que tem a imagem disfarçada da decadência.

Nota expatriated: Leia o meu próximo post Lédio. Será sobre isso.

De volta ao jogo. O Sport dominou o primeiro tempo. E só não venceu porque Paulo Baier perdeu três chances impressionantes. Nas duas primeiras, Marcos cometeu dois milagres. Na últimas, cresceu diante de Paulo Baier, que, apavorado, quis tirar a bola do seu alcance e pôs para fora. A diferença do camisa 12 começava a ser notada.

No segundo tempo, o Palmeiras equilibrou um pouco mais as coisas. Nelsinho sacou Paulo Baier. E, a partir dos 20 minutos, o Sport cansou. Mas a recompensa pelo primeiro tempo veio aos 36 minutos, na escapada de Luciano Henrique, no cruzamento e no gol de Wilson. No fim, mais pressão. Wendell foi expulso e, nos acréscimos, Ciro chutou e Marcos salvou. Impressionante. De novo, ele mostrou seu poder. Terceiro milagre. O jogaço terminava, com a vitória do Sport por 1 a 0. O tira-teima ia para os pênaltis.

Decisão nos pênaltis. A Ilha explodiu. Casaca! Primeiro pênalti: Mozart bate, Magrão defende. Parecia noite no Leão. Segunda cobrança. Luciano Henrique cobra: Marcos segura. Era o quarto milagre. Gol de Marcão. Gol de Igor. Tudo igual. Agora, a terceira cobrança. Danilo converte. Fumagalli sucumbe à imagem de Marcos e atrasa a bola na direção do goleiro. Era o quinto milagre. Hora de Armero ser testado. Outro gol verde. E, por fim, Dutra, bom chutador, corre na direção de Marcos. Sexto milagre. Palmeiras classificado.

O Sport foi guerreiro, deixou o campo sob aplausos, mas não tinha como vencer. Hoje o Palmeiras se classificaria de qualquer jeito. Marcos é uma espécie de santo com poderes de super-herói. Quando ele resolve entrar em cena, a história sempre tem o mesmo fim.

Defesa, milagre, consagração.

Coisa de quem é diferente.

Semana que vem, Palmeiras x Nacional de Montevideu.

Tremei, uruguaios!


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