Complete a rima. A impressão que tenho é que o departamento de futebol do Palmeiras está "ao Deus dará". Deixaram o barco nas mãos do Luxa que, egocêntrico como ele só, abraçou a função de manager, mesmo que informalmente. Aprova e desaprova jogadores, como Jéci e Obina, dá às suas polêmicas declarações o timbre do clube e não da pessoa, e como técnico de futebol faz o que quer, sem nenhuma contestação. Ao invés de manter sua fama de estrategista, virou o
Professor Pardal do futebol brasileiro.
Voltemos à expressão que usei acima: barco Palmeirense. Para fazer uma analogia barata, apenas a título de ilustração do pensamento, vou usar o naufrágio do Titanic. Claro que carregarei na licença poética para dar maior dramaticidade e chegar ao ponto que quero provar.
A noite de 10 de abril de 1912 começa a cair no Atlântico Norte. O Capitão Smith do RMS Titanic chama seus dois imediatos para que fiquem na cabine de comando durante o primeiro jantar da viagem entre Southampton e Nova Iorque. Nada mais normal, afinal é parte das atribuições do comandante de uma nau dar toda a atenção possível aos seus passageiros. Os assistentes alegam que precisam participar do jantar também, pois são mais de dois mil passageiros e o Capitão não conseguiria atender às expectativas de todos sozinho. O Capitão aceita o argumento e chama um dos oficiais, o holandês Mr Van Der Lay, para assumir o comando durante o compromisso social.
A missão do oficial era cuidar exclusivamente da direção do Titanic e assim ele ficou, firme no rudder (vai em inglês, já que a palavra em português remete ao time feio). Satisfeito com o desempenho do rapaz, o comandande resolve que Mr. Lay, a partir de então, será o responsável pelo comando do navio durante todos os jantares do cruzeiro.
Na noite seguinte, Van Der Lay aproveita seu tempo como autoridade em comando e começa a fazer algumas modificações nas funções da tripulação. Passa um camareiro para a cozinha, um grumete para a arrumação das cabines e o cozinheiro chinês que não falava uma única palavra de inglês para o sonar.
Captain Smith aceita as mudanças acreditando que o holandês sabia o que estava fazendo. Na terceira noite, Van Der Lay cheio de sí, começa a supervisionar as acomodações dos subordinados, a dar dura em todo mundo e, por fim, passa pelo refeitório da tripulação. Lá ele encontra uma linda camareira, ruiva, pele clara, olhos azuis como o mar. Lay pensa: "Hoje eu vou me dar bem !!!" - Papo vai, papo vem, o oficial convida a moça para conhecer a cabine de comando. A linda irlandesa declina, pois é moça de família e só vai para a cabine casando.
14 de abril. Mr. Van Der Lay manda que lhe sirvam o melhor single malt. Ordena, ainda que, liberem vinho para todas as camareiras durante as refeições. O sórdido queria deixar a mocinha mole para poder apertar! O alto comando da nau, sem desconfiar do que está se passando, vai para o salão principal. O oficial todo pimpão, tão marrudo que já nem cabia mais dentro do uniforme e cheio de Whisky na cachola, manda chamar a camareira.
A donzela reafirma que só casando. Ele argumenta que como está no comando naquele momento, pode fazer o casamento. A moça não cai na dele. Extrapolando sua autoridade Van Der Lay ameaça dizendo que vai mandá-la para outro Cruzeiro, e que para o lugar dela virá uma afro-descendente que trabalha em um clube de regatas. A irlandesa cede a pressão. O oficial manda o cozinheiro chinês do sonar cuidar do leme e leva a vítima para o escritório do capitão.
As luzes ficam apagadas. É um tal de mão para cá e mão para lá, mão na coisa e coisa na mão que não acaba mais. O chinês que ficou no leme estava um tanto pensativo e não percebeu o que estava à frente. Como o sonar estava abandonado, não havia quem pudesse avisar sobre o iceberg adiante. Quando Mhe Lo viu a desgraça chegando, começou a gritar, no seu inglês ruim: "ICEBEG !!! ICEBEG !!! - Mr. Lay ouve e diz: "Poxa, baralho, por que esse china está gritando I see bag ?" - E não toma conhecimento.
O trágico final da história do Titanic todos conhecem e não preciso escrever. Porém, diz a lenda que o oficial holandês e a camareira irlandesa estavam entre os 700 sobreviventes da tragédia. Muitos afirmam que a pobre moça engravidou naquela noite e foi abandonada por Van Der Lay. Ficou sem marido, foi abandonada pela família e excomungada pela igreja. Após o nascimento do rebento, deu cabo de sí, pois não conseguia mais conviver com a culpa pelo desastre. O homem que deveria estar no leme no momento da colisão, pelo contrário, após ser salvo, desembarcou em Nova Iorque, mudou de nome e fez muito sucesso, trabalhando em diversos musicais na Broadway.
E aí, Professor Belluzzo e Gilberto Cipullo ? Até quando vão ficar delegando o comando do futebol do Verdão a quem já demonstrou não ter competência para isso? Vão colocar a perder todo um projeto de reformulação para confirmar o dogma que um clube bem estruturado não troca técnico? A Libertadores caminha para o iceberg. O departamento de futebol vai junto?
Resposta da rima: ɐpɹǝɯ ɐu ɐɔıɟ 'ɐbǝ1ǝp oʇınɯ ɯǝnb