A Folha resolveu regulamentar o comportamento dos empregados na internet. O comunicado interno é assinado por Eleonora de Lucena, editora-executiva:
“Os profissionais que mantêm blogs ou são participantes de redes sociais e/ou do twitter devem lembrar que:
a) representam a Folha nessas plataformas, portanto devem sempre seguir os princípios do projeto editorial, evitando assumir campanhas e posicionamentos partidários;
b) não devem colocar na rede os conteúdos de colunas e reportagens exclusivas. Esses são reservados apenas para os leitores da Folha e assinantes do UOL. Eventualmente blogs podem fazer rápida menção para texto publicado no jornal, com remissão para a versão eletrônica da Folha.”
Essa é uma boa oportunidade para o Brasil colocar em discução um tema relevante: A propriedade intelectual do jornalista. Afinal, quem trabalha na imprensa pode ser considerado autor, ou não?
Independente dessa questão específica, fica a impressão de que o gigante da comunicação tenta pautar o comportamento de seus empregados. Ao que me consta, blogs e twitter são ferramentas pessoais.
Eu não me lembro de ter que informar onde trabalho para criar minha conta no Blogger, na Virgin Media ou em qualquer dos sites de relacionamento das quais participo. Posso estar carregando nas tintas, mas isso pode ser entendido como uma forma de censura, uma arbitráriedade contra o direito de pensar e de manifestação dos empregados.
Então, por ser jornalista, o sujeito não tem o direito de manifestar suas preferências políticas? O empregado representa o veículo no qual trabalha 24 horas por dia?
Por uma questão de lógica, as "plataformas editoriais" não seriam desrespeitadas por um jornalista que declara suas preferências esportivas? Vão demitir o Juca Kfouri?
Se um colunista escrever que já fez uso de drogas, também estará assumindo um posicionamento contrário aos princípios da empresa?
E as opções sexuais?
Pelo jeitão da coisa, os Frias estão é morrendo de saudade dos tempos da "ditabranda".
Uma pessoa que se sujeita a esse tipo de arbitrariedade calado, merece o emprego que tem. Exemplos de força de caráter não faltam. Eu apenas deixo um.
A propósito, antes de terminar quero deixar claro que tenho conciência de que ando escrevendo demais sobre a impren$inha e isso não deve ser muito agradável para quem lê. Prometo dar uma semana de folga para meus leitores e tentar escrever um pouco mais "sobre a vida de um brasileiro, paulistano, palmeirense em Londres".
2 comentários:
Newton, trata-se de regras a serem cumpridas pelos funcionários no âmbito de sua vida profissional e mais especificamente qdo usam ferramentas (PC, rede, PDA, etc.) que pertencem à empresa. Toda organização séria tem este tipo de documento. Parabéns para a Folha por zelar pela sua imagem.
No, no, no! A questão é censura de manifestações pessoais em blogs e no Twitter. O comunicado não especifica ser limitado ao uso de ferramentas corporativas, rede, PDA, ou da cadeira da redação.É cerceamento da opinião do empregado.
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