quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Em Qualquer Canto do Planeta

A impren$a Forma£, tradicional parceira dos interesses do mercado é assim em qualquer parte do mundo. Basta um governo desafiar a cartilha das grandes corporações para alguns jornais começarem campanhas para desestabilizar a administração do país. Hoje no Financial Times, via BBC Brasil:

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitando Petrobras

Exploração do pré-sal é vista

como investimento seguro

Política de petróleo do Brasil é "desafinada", diz FT

O diário britânico Financial Times afirma em editorial publicado nesta quarta-feira que os planos para a exploração do petróleo da camada pré-sal anunciados pelo governo são "extremamente vagos", comparáveis ao que o jornal chama de "nota desafinada".

Por uma década, o Brasil tem desempenhado um serviço inestimável de mostrar um modelo superior de desenvolvimento para a América Latina em comparação ao de Hugo Chávez e seus acólitos. Mas as recentes decisões de Brasília sobre como administrar as gigantescas novas descobertas de petróleo soam desafinadas”, afirma o editorial.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou as novas regras como forma de manter a riqueza do petróleo no país, mas, segundo o FT, o governo estaria tratando o conceito de propriedade como um "fetiche".

O discurso do governo "pode ser politicamente astuto em uma região seduzida por sirenes nacionalistas, mas isso não deixa de ser um retrocesso para o Brasil", diz o jornal.

“O pacote de leis excessivamente vagas...faz com que Lula e Rousseff pareçam estar servindo mais ao interesse público do que à promoção dessas leis", diz o FT.

Para o jornal, a proposta de produção partilhada – em que o governo mantém propriedade legal sobre o petróleo - em vez do regime de concessão em vigor seria um exemplo desta "desafinação".

“As PSCs (Production Sharing Contracts, conhecido no Brasil como produção partilhada) são usadas por países com sistemas legais tão fracos que precisam por em contratos (sujeito ao arbítrio internacional) o que países maduros determinam em lei.”

“O excesso de confiança nacionalista é evidente no papel dado à Petrobras, a empresa de petróleo parcialmente estatal, que tem garantida liderança de operações e uma participação de pelo menos 30% em cada contrato”, diz o jornal.

De acordo com o FT, atualmente a Petrobras é uma das maiores empresas mundiais de petróleo, com especialidade em exploração em águas profundas, mas isso deve ser pesado junto a outros fatores.

A exploração em águas profundas é um teste para qualquer empresa e exige alto investimento, diz o editorial, mas “depender muito da Petrobras pode sobrecarregar a empresa, atrasando a produção – e o rendimento”.

“Uma Petrobras que não precisa competir pela operacionalidade tem poucas razões para fazer o melhor de si. Disciplina de mercado e forte regulamentação podem mantê-la excessivamente cuidadosa. Sem eles, a Petrobras se arrisca a sofrer o mesmo destino de outras empresas estatais: desperdício, ineficiência e, no pior caso, um Estado dentro do Estado.”

O FT ainda critica os detalhes extremamente vagos dos planos anunciados por Lula e os atribui à promoção da candidatura de Dilma Rousseff à presidência, no ano que vem.

“Mas as manobras eleitorais devem colocar em perigo o esquerdismo pragmático (e bem sucedido) do Brasil”, conclui o editorial."

Fica clara a intenção da matéria. A crítica pouco fundamentada ao processo adotado pelo governo brasileiro na exploração do petróleo do pré-sal. A tal produção partilhada que deixa sob o controle da Petrobrás as operações e a propriedade legal, soam "desafinado" para a publicação.

A verdade é que, com essa resolução, a maior parte das responsabilidades e dos lucros ficarão com a estatal brasileira. O que isso significa? O crescimento da Petrobrás no mercado, passando a ser uma das maiores do setor e ainda, menos dinheiro para as grandes petrolíferas internacionais, como a BP (British Petroleum), por exemplo. Seria uma mera coincidência?

Continua, o fraco texto usando velhos mantras; Nacionalismo X Eficiência e a corrupção endêmica como alegações para um possível insucesso da operação. Depois afirma que sem concorrência na operacionalidade a empresa brasileira poderia "deitar eternamente em berço explêndido", encostar o corpo e transformar o pré-sal em um sonho de uma noite de verão.

Engraçado, a refinação e o transporte do petróleo são monopólio da Petrobrás. Ao que consta, não existe nada parecido com ineficiência nos dois casos. Só isso basta para derrubar a tese do jornal, diga-se de passagem, fraquinha, fraquinha.

Isso nada mais é do que um daqueles diagnósticos feitos por um jornalista recém formado e novo na editoria. O pau-mandado do lobista. Aquele que, recebe o press release do mercado corporativo e tenta criar um viés científico e, dessa forma, dar credibilidade ao escrito, mesmo não tendo nenhuma base sociológica ou mesmo de mercado, já que a prospecção em águas profundas é fato inédito do planeta.

Finaliza colocando a cereja no bolo. Utiliza o certame eleitoral do Brasil para lançar suspeitas político-partidárias-eleitoreiras sobre o governo, tentando criar, dessa forma, um fato jornalístico que possa repercutir negativamente no ambiente interno e gerar reações negativas na população e no Congresso Nacional que, inviabilizem o modelo escolhido.


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