quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Ainda Sobre Honduras ...

Rafael Evangelista, via Twitter linkou do Futepoca um bom texto que, analisa uma coluna de Reinaldo Azevedo, da (ora vejam !!!) Veja. O articulista versa sobre a legalidade do golpe em Honduras que, singelamente, chama de deposição e depois, mui rápido, entra no mérito do tema que quer abordar; O comportamento da chancelaria brasileira no caso é digna, segundo sua visão, de impeachment para Celso Amorim e talvez até para Lula!

Não vou entrar no mérito da proposta golpista azevediana que é a lição de casa de quem se propõe a escrever na publicação semanal. Segundo o próprio, sua teoria está embasada em diplomas legais. Tampouco vou escrever parágrafos à fio sobre a visão do rapaz sobre o affair Zelaya. O texto que será anexado abaixo é para isso. Minhas linhas serão, digamos, um pouco mais conceituais.

O que me impressiona é a tentativa de fazer crer que pode haver uma deposição legítima. O que Azevedo usa como argumento é uma mistura do conceito de um processo democrático de impeachment, com um ato abusivo do legislativo, uma canetada.

Dois pesos e duas medidas. RA é um dos indivíduos que chamaram Chaves e Evo Morales de déspotas por usarem o peso da pena em decisões legislativas controversas para viabilizar seus governos. Quando a Veja e outros meios de comunicação lançam factóides dizendo que o governo brasileiro vai tentar censurar a "combativa imprensa livre" é um abuso. Michelleti calar os opositores é legal.

Porém, o mais paradigmático no raciocínio do colunista, um "defensor inconteste" da democracia é que, tal tese poderia servir para inocentar todo e qualquer governo autoritário de seus crimes. Afinal, tudo que é feito dentro da lei vale e, eventuais exageros que, por ventura, existam podem ser encarados como medidas "necessárias" para a manutenção da ordem.

Dessa forma, Hitler, Mussolini, Stalin, Mao, os generais latino americanos e seus respectivos asseclas podem desocupar as cadeiras no inferno e seguir para o reino dos céus, já que tudo fizeram dentro da "legalidade".

Mas vamos ao Futepoca:

"Reinaldo Azevedo para chanceler de Honduras

Desde a leitura de O Alienista, do Machado de Assis, tomo um cuidado danado antes de tachar qualquer um de louco. Quem leu a história sabe que Simão Bacamarte funda um hospício e começa a internar todos a quem considera loucos, praticamente toda a cidade. Ao final, acaba com um único paciente, ele mesmo.

Pois não é que contra a condenação do mundo inteiro, da Organização dos Estados Americanos, OEA, da ONU, da União Europeia, o tal do Reinaldo Azevedo decide provar por A + B que o golpista em Honduras é o presidente deposto, que o golpe foi constitucional etc. Tudo isso com base em seu "amplo" conhecimento da Constituição hondurenha.

Faltou dizer que Estado de sítio, fim das liberdades individuais, fechamento de rádios e TVs, exército na rua batendo na população são medidas para "preservar" a democracia.

Seus delírios e o séquito de seguidores que repete suas bobagens são conhecidos. Também a sua desonestidade intelectual e incapacidade de conviver com o contraditório, pois não aceita nenhum comentário contrário ao que escreve em seu blog.

Mas, hoje, estrapolou. O gênio fez um texto em que baseado nos seus conhecimentos da Convenção de Viena, da Constituição Brasileira, do raio que o parta, afirmou que nenhum jurista conseguirá provar que ele não tem razão ao pedir o impeachment do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, e, por que não, do presidente Lula. Clique aqui se tiver estômago.

Fora a megalomania de achar que sabe tudo sobre tudo, desfiar preconceitos o tempo todo, nunca se ater à verdade factual, agora o sabichão da Veja diz que só ele conhece direito e Relações Internacionais, contra a opinião do mundo inteiro. Chega a pedir, inclusive, que a OAB encampe sua campanha, já que lá não tem ninguém que entenda de direito para ter uma ideia tão genial.

Simão Bacamarte era honesto, internou-se e morreu em seu hospício. De Reinaldo não dá para esperar nenhum ato de honestidade, nem intelectual. Então, camaradas, o que acham de o presentear com o cargo de chanceler do governo de Micheletti. Aquele que vai provar para o mundo que o golpe não é um golpe. Será que o "governo de facto" aceita?"


Reinaldão, essa é para você:

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