domingo, 21 de março de 2010

Variações Sobre O Mesmo Tema

Parcerias forjadas nas sombras, projetos políticos pessoais, desculpas esfarrapadas para satisfazer desejos e interesses econômicos de instituições que seriam bem menores e por que não dizer, insignificantes, sem empurrões e mais empurrões do poder público.

Assim, o status quo se mantém. Para os amigos, tudo. Para os inimigos, o rigor da lei. Essa é a lógica brasileira desde 1.500. Esse é o pensamento que tornou nossa sociedade tão desigual e injusta.

O país deu sinais de mudança e o governo do “analfabeto” diminui mais e mais o abismo entre a base e o topo da pirâmide social.

Por isso, leva pancadas todo santo dia. Não é fácil desafiar a perversidade de gente que gosta de viver e arrotar as maravilhas da tal economia de mercado, mas são incapazes de sobreviver nela sem ajuda.

O poder público de São Paulo é um exemplo deplorável dessas promíscuas relações. A farra dos Demo-Tucanos com dinheiro público nunca acaba.

O prefeito usa e abusa dos cofres da cidade para se auto-promover. Tenta a todo custo ser tornar uma figura nacionalmente conhecida. Faz corrida em sambódromo e vai liberar rios de dinheiro para a reforma do penicão.

O governador, por sua vez, além de colocar dinheiro em lixo esportivo particular, usa a desculpa de qualificar jovens carentes para aumentar o patrimônio de um conglomerado da comunicação e satisfazer suas necessidades de mão-de-obra.

Tudo para manter as esperanças de vitória numa eleição cada vez mais perdida.

E os locupletantes de sempre agradecem. Isso é a cara das Organizações Globo e do SPFC.

Para ilustrar melhor tudo isso, posto textos de Vicente Criscio e Marco Mello. Cada um escreve sobre um fato, mas o final é o mesmo.

O post do 3VV será parcialmente copiado. Primeiro, porque trata de dois assuntos distintos e depois, mesmo respeitando o direito do autor, não me permito linkar uma fonte que eu não considero dígna.
Vamos a eles:

Morumbi agora vai? e nosso time em 2010?

Antes de qualquer coisa, conhecem esse poema?
Tu sabes,
conheces melhor do que eu
a velha história.
Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.

O texto acima é um fragmento do poema No caminho com Maiakóvski, de Eduardo Alves da Costa. E reflete bem o que nós (torcedores) sentimos sobre as maracutaias do SPFC.
Pena que apenas nós, torcedores, sentimos isso.

O destaque da semana ficou por conta do (mais um) anúncio de que o Morumbi agora vai. Com promessas de verbas municipais - doação de terreno, ajuda na reforma do "entorno" do estádio e mudança do curso de um córrego que passa abaixo do estádio Estadual/Municipal Cícero Pompeu de Toledo - noticiou-se na imprensa que a FIFA agora aprovou o projeto.

O detalhe é que a imprensa - parte incompetente para analisar, parte interessada num final feliz - noticiou o fato com um mês de antecedência da apresentação do projeto.

Mas não podemos ser injustos com toda a imprensa. Há uma minoria que ainda desconfia, mesmo nos grandes veículos. Mas quem quer notícia mais atualizada e confiável precisa procurar ...

... Por quê? A reforma do Morumbi, antes de R$ 200 milhões, deve ir prá R$ 400 com o rebaixamento do gramado. Não há clube no Brasil em condições de financiar uma obra destas. Eu disse financiar, ou seja, contrair empréstimo e pagar.

Suponha o seguinte: eles conseguem R$ 200 milhões de parceiros (dizem ter, mas nunca apresentam). Precisariam de outros R$ 200 milhões.

Se emprestassem no BNDES ou na Caixa Econômica Federal, a custo ZERO para pagar em 20 anos precisariam de R$ 10 milhões por ano para pagar a dívida. Não estou incluindo o juros aqui, apenas o principal.

Não tem! Não há clube brasileiro que pode dispor durante 20 anos ininterruptos de R$ 10 milhões por ano. E banqueiro é tudo, menos burro. Não emprestará dinheiro para quem não pode pagar.

E isso apenas sobre 50% do total da obra.

E quanto ao entorno? O Prefeito Kassab promete dinheiro público. Ele e seu Presidente da SPTuris, Caio Luiz de Carvalho, defendem o investimento público para benefício privado em nome da abertura da Copa na nossa cidade.

A conta? Falam por baixo em R$ 300 milhões de dinheiro público. Chutando baixo duvido que fique menos de R$ 1 bi. Dinheiro mais que suficiente para levantarem um novo estádio em qualquer ponto estratégico, e com isso revitalizar regiões carentes da cidade, levando empresas e empregos no seu entorno.

Porém, ah porém, já fizeram o Morumbi com dinheiro público; alavancaram seu distintivo com vitórias nos bastidores; trouxeram receitas com seu estádio velho, cheio de pontos cegos, que até jogador já morreu por carência de atendimento; fizeram muita propaganda de um estádio anacrônico com agradinhos e camarotes para a imprensa; empurravam jogos, todos os clássicos da cidade, para lá, valorizando um ativo privado em nome da "segurança". Pelo menos aqui, graças à persistência de Cipullo e ao mau humor de Sanches, essa conversa já acabou.

Ou seja, roubaram a rosa, pisaram no jardim, mataram o cachorro e agora querem levar nossa luz. A torcida, que inclusive vota para vereador, deputado, senador, prefeito, governador e Presidente, já disse não.

E os dirigentes dos clubes, todos eles, sem exceção, quando vão se pronunciar?


A notícia saiu com certa discrição no portal das organizações, um dos quatro mais acessados do país. Trata-se de um convênio para capacitar jovens em cursos técnicos profissionalizantes na área de TV. Como até o reino mineral sabe, este tipo de profissional está sendo caçado por aí, depois que a disputa ficou acirrada entre as empresas de comunicação, produtoras de conteúdo para internet, telefonia, publicidade e, mais recentemente, campanhas políticas. Funciona assim: o Governo do Estado de São Paulo (leia-se José Serra) entra com o terreno e as instalações e as organizações com a obra. Depois que o prédio tiver sido levantado em terreno público... (oras, deixa isso pra lá, homem!) Bom, voltando à escola, depois que o prédio tiver sido levantado serão formados por ano cerca de 240 profissionais. Quem toca tudo é uma Fundação ligada ao Governo. No dia da formatura o pessoal do recrutamento da emissora vai estar de olho nos melhores alunos. Ahhhh, entendi. Só não me perguntem aonde fica o terreno. Tenho vergonha de contar para vocês. Só espero que eles não construam um prédio muito grande, para não atrapalhar a vista privilegiada da Ponte Estaida, a partir dos estúdios de vidro. E depois ficam espalhando por aí que vivemos num Estado Democrático de Direito. Democrático de quem, cara pálida? Faz o favor!

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