sexta-feira, 12 de março de 2010

Impren$inha ... Segunda Parte

Previsível desmoronamento

Da cabeçorra de Claudio Yida Jr, via Chuta que é macumba!
Antes de tudo, uma história que merece ser repetida. Corria o ano de 2004 e o governo Lula já sofria com a irresponsabilidade da imprensa desde a campanha em 2002. Ainda não haviam transferido a maternidade do mensalão tucano aos petistas e qualquer deslize do presidente em discursos era motivo de crise, assim como a sua ortodoxia excessiva no campo econômico - ortodoxia que fora cobrada pela mesma imprensa ao mesmo Lula.

Assim como o mandato do metalúrgico, o Orkut também engatinhava e este que vos escreve criou, no dia 08 de junho de 2004, a comunidade 
Viva Lula, com a seguinte descrição:

"Como só existem comunidades que nasceram para falar mal do governo Lula, esta aqui se propõe a mostrar o quanto o país melhorou desde a saída do nosso tirano e entreguista FHC.

Desde já, o iniciador desta comunidade acredita que existe uma verdadeira conspiração por parte da imprensa - em especial a Folha de S.Paulo - contra o presidente, assim como já ocorre com Fidel e com Chávez.

Portanto, para aqueles aventureiros que querem causar polêmicas, fora. Você não é bem-vindo se for falar mal do presidente. Além disso, aqui não é um lugar democrático, é comunidade. Leia a descrição e veja se se enquadra. Discordou, nem entra. Discordou, entrou e falou coisas contrárias ao propósito da comunidade, tá expulso.

Simples assim..."

A postura golpista havia sido detectada pela nitidez do neolacerdismo desde a posse de Lula. Dois meses depois de fundada a comunidade, ela mereceu de uma 
menção na Falha Online. Da "reportagem" - não assinada, diga-se -, destaco a frase que se referia a mim: "A Folha tentou falar com o fundador, mas não obteve resposta." É óbvio que a Falha jamais me procurou, preferindo colocar em prática um artifício corriqueiro desse jornalismo moderno e imparcial que a mídia brasileira diz fazer. Para se vingar da descrição na Viva Lula, deixaram nas entrelinhas que eu era um sujeito intolerante ao ponto de não atender o jornal.

Procurei o ombudsman da época, exigindo retratação e a publicação de um direito de resposta. Meu e-mail nem foi respondido (quem é intolerante?), mas ainda assim repeti o pedido, falando então como assinante do jornal. O silêncio permaneceu, a assinatura foi imediatamente cancelada (ainda sinto pena da moça que me atendeu) e minhas suspeitas sobre como agia a Falha se comprovaram.

Por tudo isso, não surpreenderam as coberturas do mensalão e da reeleição de 2006, a criminalização dos programas e movimentos sociais, as fofocas sobre alcoolismo presidencial e as demais fábulas que toda a imprensa inventou e ainda vem inventando sobre Lula, assim como não surpreendem os golpes baixos que tornaram a aparecer com ainda mais intensidade neste 2010 eleitoral. Existe, no entanto, uma significativa diferença: em 2004, eu e alguns outros estávamos isolados, as redes sociais não tinham força e a mídia detinha uma credibilidade quase religiosa; hoje, os jornalões se enterram na cova que cavaram para um governo que tem tudo para eleger Dilma Roussef e têm de conviver com a migração de recursos cada vez maior para a mídia alternativa. Talvez por isso o desespero.

Peguemos o 
factóide Bancoop, em que não houve sequer apresentação de denúncia do promotor (ir)responsável, ou então a condenação midiática à EBC pela contratação de Luís Nassif, duas das pautas que bombardeiam a blogosfera política. No primeiro caso, há uma clara formação de quadrilha, com o já citado promotor convocando seus espalha-merdas nas redações para requentar denúncia não comprovada de 3 anos atrás. No segundo, é pura inveja e um troco ao profissional que realizou belo trabalho de desmascaramento da mídia com o Dossiê Veja. Sobre a Bancoop, o interesse não é o de ajudar quem ainda não conseguiu sua casa, mas sim favorecer a corrida eleitoral tucana. Na questão Nassif/EBC, não há nem denúncia - trata-se das regras de um mercado autorregulador que a própria Falha defende em qualquer ocasião. Por que, neste último exemplo, ninguém o relacionou com os contratos milionários firmados entre governo de SP e Editora Abril, Estadão e Falha, todos eles sem licitação?

Ao se descolar de seu princípio básico, ou seja, defender e ser porta-voz do bem social, o jornalismo de massa, consolidado nos jornalões e redes de rádio e TV, iniciou sua transformação decisiva, tornando-se simples panfleto de divulgação, geralmente das castas mais conservadoras deste país. Se há 10 anos um escorregão jornalístico era reversível, atualmente, com todas as possibilidades de se buscar informação, o fim é certo e está próximo. De minha parte, ao contrário da felicidade pelo acerto premonitório por conta do ocorrido em 2004, causa-me total angústia testemunhar o desmoronamento da profissão que escolhi.

2 comentários:

Craudio disse...

Valeu pela referência! E eu consegui o inédito com esse post: troll fogo-amigo nos comentários por lá hahahahaha.

E o Armero, hein?

Tito disse...

Valeu véio! Graaande Armero! KKK
abs