quinta-feira, 2 de julho de 2009

Free Ronnie Biggs

O mundo está assistindo calado a um ultraje aos direitos humanos que acontece aqui no Reino Unido. O conhecido Ronald Biggs, um dos quinze assaltantes do trem pagador, aos 79 anos, debilitado por vários AVCs e no fim da picada, teve seu pedido de liberdade condicional negado pelo ministro da Justiça, mesmo já tendo cumprido1/3 da pena, assim como seus comparsas cumpriram.

Onde está a Anistia Internacional que vive metendo o dedo nos problemas carcerários do Brasil e não se manifestou até agora? Bando de hipócritas. Para baixo da linha do Equador são eficientes, enquanto na Europa e nos EUA fingem de mortos.

Fora minha simpatia pessoal pelo "bom ladrão", afinal, o grande sonho de Biggs era ser músico, o cara era da paz, incapaz de fazer mal a alguém. Seus maiores erros foram ser esperto para fugir da penitenciária britânica e zombar da justiça desse Reino levando vida tropicalmente no Rio de Janeiro.


Sem muitas palavras a mais, reproduzo a matéria da BBC Brasil sobre o fato:

"Para jornal, ministro britânico foi ‘vingativo’ com Ronald Biggs

Ronald Biggs

Ronald Biggs se entregou em 2001 após décadas foragido no Brasil

A decisão do ministro da Justiça britânico, Jack Straw, de negar a concessão da liberdade condicional a Ronald Biggs foi um “tratamento vingativo”, na avaliação de um editorial publicado nesta quinta-feira pelo diário The Independent.

Straw anunciou na quarta-feira a decisão de manter o famoso “assaltante do trem pagador” atrás das grades, apesar da recomendação da comissão que avalia a concessão de liberdades condicionais favorável à sua soltura.

Biggs, de 79 anos, participou em 1963, ao lado de outros 14 homens, do roubo de 2,6 milhões de libras transportados por um trem que viajava de Glasgow a Londres, na época o maior roubo da história.

Após ser preso e ter cumprido 15 meses de sua sentença de 30 anos, Biggs fugiu e passou por diversos países até se radicar no Rio de Janeiro, onde teve um filho e passou 35 anos.

Ele retornou à Grã-Bretanha em 2001 e se entregou à polícia para cumprir o restante de sua sentença. Após uma série de derrames, Biggs estaria incapaz de falar, alimentando-se por um tubo no estômago e locomovendo-se em uma cadeira de rodas. Ele estaria ainda com pneumonia e teria quebrado o quadril numa queda recente.

Ameaça

“Um homem de 79 anos padece atrás das grades, onde ele está há oito anos. Sua saúde está destruída e ele não pode caminhar sem ajuda. Seu crime foi cometido em 1963 e ele não é mais uma ameaça a ninguém. E na semana passada, a comissão para condicionais recomendou sua libertação”, observa o editorial do Independent.

O jornal comenta que “normalmente, isso seria suficiente para a concessão da liberdade condicional”, mas não no caso de Biggs.

O pedido de liberdade condicional argumenta que Biggs já cumpriu um terço de sua pena original, contando o tempo em que passou preso nos anos 1960 e os oito anos desde que retornou a Londres.

Na quarta-feira, o ministro Jack Straw anunciou a rejeição da recomendação da comissão alegando que o assaltante não respeitou a lei e as punições impostas a ele e que não demonstrou estar arrependido de seu crime.

“O tratamento vingativo a um homem velho e frágil cujo maior crime, seja o que for que o sr. Straw diga, foi zombar da polícia britânica por várias décadas, dificilmente reflete bem nosso sistema legal”, afirma o editorial do Independent.

'Decisão cruel'

Outros diários britânicos também destacaram em suas edições desta quinta-feira a decisão do ministro britânico sobre Ronald Biggs.

Reportagem do jornal The Guardian destaca as críticas à decisão de Straw e cita o advogado de Biggs, Giovanni Di Stefano, para quem a decisão foi “cruel”.

“Todos os outros assaltantes do trem pagador cumpriram um terço de suas sentenças, então por que Ronnie Biggs deveria ser diferente?”, questionou Di Stefano. “Dez anos é suficiente. Isso mostra um lado do governo britânico que é perverso – é uma punição cruel e pouco usual”, disse.

O jornal também cita o filho de Biggs, Michael, nascido no Brasil, para quem o pai “cumpriu sua dívida com a sociedade”.

Recurso

O diário The Times, por sua vez, diz que os advogados de Biggs pretendem recorrer da decisão de Straw assim que possível.

O jornal também cita a ex-secretária do sistema penitenciário Ann Widecombe, para quem as vagas em prisões deveriam ser usadas “para quem realmente representa um risco para a sociedade”.

“É difícil ver como ele (Biggs) representa uma ameaça a qualquer um a não ser para os políticos”, disse ela, segundo o Times.

O tabloide Daily Mail afirma que a decisão de Straw condena Biggs a uma “morte quase certa atrás das grades”, considerando o seu frágil estado de saúde.

“Ele não deve ter uma nova avaliação sobre a concessão da liberdade condicional até no mínimo o ano que vem, quando ele já poderá ter morrido”, diz o jornal.

Segundo o Daily Mail, a decisão de Straw gerou acusações de que o ministro quer passar uma imagem ao público de que está sendo “duro” contra o crime."


5 comentários:

Pai da Princesa disse...

Sempre o achei uma fígura bacana, mesmo sendo um assaltante. Aliás, um assaltante cinematográfico.

Desde que entregou-se, sabia que seu destino seria este mesmo, pois os ingleses não o deixariam impune.

É uma pena.

Se fosse político por aqui, sairia candidato nas próximas eleições.

Tito disse...

É verdade. Como diz a matéria da BBC, o ministro está dando uma durão para provar que combate o crime.

abs

Lilian disse...

Pelo visto Ronald Biggs foi só a primeira das vítimas da nova política 'linha dura' do ministro Jack Straw. Hoje ele negou o perdão a Michael Shields, o torcedor do Liverpool condenado a 10 anos de prisão por tentativa de assassinato. Shields, que sempre se declarou inocente - tinha ido ao bar, na Bulgária, acompanhar a final da Liga dos Campeões entre Liverpool e Milan - foi condenado por agredir o garçom durante uma briga.
Não lembra um certo promotor no caso das torcidas organizadas de São Paulo?

Anônimo disse...

É incrível como situações envolvendo países "desenvolvidos" certos organismos internacionais não tem a mesma veemência com os "em desenvolvimento".

Sempre gostei da figura do Ronald Biggs. Espero que ele consiga sair da cadeia no pouco tempo de vida que lhe resta.

Enfim, aproveitei sua lebre e escrevi um post falando dele.

http://porcopedia.wordpress.com/2009/07/02/free-ronnie-biggs/

abs
F.Tatú

Tito disse...

Obrigao Lili e obrigado Fabio, valeu.