Minha irmã Lili mandou pelo Vinicius uma série de revistas brasileiras - já amanhecidas pois eram do começo da semana passada, mas isso não é importante. É bom poder folhear, de vez em quando, uma publicação na língua mãe.
No pacotão vieram a Trip, a Veja, a Época e outras de "celebridades" que não me atrevo mencionar. Quem acompanha este espaço já deve, pelo menos, desconfiar de certos gostos da minha cara metade. Enfim, vi a Trip, bem atentamente, já que traz Karen Junqueira, uma bela covergirl. Folheei a Veja e só parei para uma leitura mais atenta na coluna Danos menores de JR Guzzo.
Nela, o articulista baseia sua escrita em um parágrafo descontextualizado, parte de uma palestra de Gay Talese sobre sua profissão e os profissionais. O palestrante faz, a grosso modo, uma comparação entre algumas profissões, tentando passar a importância do jornalista sério. Guzzo se vale do prestígio alheio para tentar agregar alguma credibilidade ao modus operandi da Veja, editada pelo grupo empresarial do qual é conselheiro. Para isso ele simplifica bastante o falado pelo mestre, criando um artigo que mistura côcô de grilo com crocodilo, comparando a imprensa com os políticos. Que gracinha!
Ato contínuo, coloca a imprensa para posar de vítima, enquanto cumpre seu sagrado ofício. Os trabalhadores da comunicação são acusados, segundo Guzzo, de cometer barbaridades quando publicam que há algum escândalo no governo. Coitados. Em seguida, insinua que a turma que comanda o país tenta intimidar o jornalismo, propondo um tal controle social dos meios de comunicação.
Pois é monsieur, essa coisa de fazer de alguma possível irregularidade governamental um espetáculo, vastamente utilizada pela revista que publica seus textos, seria até perdoável se fosse constante. Como é sazonal, e varia de acordo com quem está sentado na cadeira do poder, é tão indecoroso quanto mentir.
O tal jornalismo investigativo tão em voga nesse país tropical é, na verdade, apenas uma cortina para os verdadeiros objetivos de quem escreve. Meu amigo Marco Mello, no seu Doladodelá, postou certa vez, algo como: Para utilizar essa ferramenta, ou seja, sair por aí futucando como detetive, tentando obter provas ou algum fato que leve a uma boa matéria, quem o faz deveria ser, por obrigação profissional, isento de opinião naquele momento, ou corria o risco de apenas passar uma visão dos fatos distorcida por seu pensamento.
Noves fora, para mostrar a diferença entre uma pessoa que tenta vender uma idéia a qualquer preço, como JR Guzzo, e um jornalista sem segundas intenções que, igualmente, citou Gay Talese, transcrevo o que o mesmo Marco Mello usou:
"A minha concepção de jornalismo sempre foi a mesma. É descobrir as histórias que valem a pena ser contadas. O que é fora dos padrões e, portanto, desconhecido. E apresentar essa história de uma forma que nenhum blogueiro faz. A notícia tem de ser escrita como ficção, algo para ser lido com prazer. Jornalistas têm de escrever tão bem quanto romancistas."
Que diferença, não?
2 comentários:
Se você continuar falando bem de mim desse jeito, vou ter que pagar sozinho a conta do churrasco no fim do ano. Manera, brother! Beijos e obrigado, Marco.
Rssssssssssss
Relaxa
bjos
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