segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Acabou Notting Hill Carnival

Não me senti tentado a sair e andar uns poucos metros para assistir a alguma coisa do evento. Preferi a teoria do menos é mais, focar só no indispensável. Afinal, como diz o sábio Baloo: "Somente o necessário, o extraordinário é demais".

Depois do dever cumprido e da epopéia do curriculum, a fome apertou e resolvi sair para comprar comida. Eram 21h45, mais ou menos. A festa carnavalesca tinha terminado havia uma hora e meia, acredito. A Kensington Park Rd. ainda era um mar de pessoas. Alguns prédios tinham seguranças na frente. Era necessário preservar o patrimônio dos moradores do feudo, já que um bando de africanos, caribenhos e latinos invadiram as ruas de Notting Hill. Como se o contingente policial não fosse suficiente.

Na verdade, quando voltava da carraspana no sábado, vi na Ladbroke Rd., muitas casas e lojas com as janelas e vitrines cobertas com tapumes. O comércio até dá para entender, sempre aparecem ladrões nessas oportunidades. Mas repito: Eu nunca vi tantos policiais juntos em minha vida; Nem em jogos de futebol, carnavais Brasil afora, Diretas Já e por aí vai.

É o preconceito exalando pelos poros do bairro bacana. A equação negros + imigrantes + festa = perigo, povoando a mente dos privilegiados frequentadores do jardim privado. Como se aqui na Britânia, bebedeira e baderna fossem coisas de imigrantes pobres. É preconceito cristalino.

Uma coisa que sempre me causou admiração é a forma como os negros caribenhos e africanos se comportam em momentos de festa. Pode ser em qualquer canto do mundo, até nos arrasados como o Haiti ou a Eritréa. Parecem crianças. Pulando, cantando, dançando. Acho que ali está a demonstração da mais pura satisfação que um ser humano pode atingir.

Os misântropos provavelmente iriam lembrar para justificar o racismo, a selvageria das guerras étnicas, de gente ateando fogo em gente. A aversão à barbárie é a desculpa para o fato de nunca se sentirem seguros com um monte de gente pelas ruas.

Acreditem, uma pessoa que, não tem nada com isso, mas já foi vítima de algum preconceito, que sentiu na carne o que é um idiota qualquer se considerar melhor que outros porque nasceu na Europa, ou por ter mais grana, ou por falar melhor francês, o que quer que seja, fica indignado com esse tipo de atitude.

Felizmente, para os mais puros filhos da África - Escrevo isso para lembrar que a ciência já provou que todos sairam do mesmo buraco. - Tudo passou batido. Eles, os imigrantes e os normais, aqueles que conseguem dividir as ruas com quem quer que seja, estavam no bairro supimpa só para pular, cantar, dançar.

lálálá, muchmanymany more ... lálálá muchmanymany more ... lálálá muchmanymany more !!!

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