sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Imprensinha: Por que bater duas vezes na pessoa errada?

Nos últimos dias soube que uma amiga, na verdade, uma pessoa quase da família, passou por uma situação constrangedora, por conta de uma coluna sobre TV da Folha Ilustrada.
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Sim, a Folha de São Paulo. Outra vez, o bom e velho jornal que, nos idos de 60, 70 e 80, era uma referência de jornalismo combativo e integridade editorial.
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A Folha Ilustrada então era a fonte onde as pessoas que queriam ser modernas iam beber. O modernoso tinha ali tudo que precisava. Onde comer e o que comer, que bebida pedir para acompanhar a tal comida e onde deveria ir após o jantar, para dançar ou conversar.
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Bom, os tempos são outros. Há muito não existe ditadura para criticar e muitos dos leitores/contestadores atualmente são neoliberais. As informações sobre o que é in ou out pululam por todos os lados e ninguém mais bebe em apenas uma fonte. Parece que nessa transição a Folha, além de deixar de ser referência, perdeu seus referenciais.
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Eu nem posso me aprofundar muito no caso da minha amiga, visto que, não tenho completo conhecimento da situação. Pelo que sei, a pessoa que conheço trabalha no marketing de uma corporação do entretenimento. Em outubro ou novembro, atendeu uma jornalista do referido pasquim e respondeu algumas perguntas.
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Quando a matéria foi publicada, descobriu que suas palavras saiíram de maneira incorreta, fora do contexto, enfim, deturpadas.
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A empresa, na qual trabalha, tentou mostrar a falta de veracidade das informações passadas pela matéria, contudo o espaço oferecido, como sói acontecer, foi o de cartas. Menos mal, pelo menos algum coitado, com o intestino preso e que ficasse horas no banheiro com o jornal, acabaria por ler.
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Ocorre que, ainda assim, o veículo de comunicação, como bem avisa na coluna de cartas, valeu-se do direito de digamos “encurtar” o texto, a título de aproveitamento de espaço. Porém, no tal rearranjo da réplica, cortou o que não devia, ou seja, a parte onde a matéria é desconstruída.
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Em pouco mais de um mês, este é o segundo caso que fico sabendo, onde a Folha corta, de acordo com sua conveniência, um pedido de resposta. O escritor e jornalista André Fontenelle, teve o mesmo desgosto.
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O tempo passa, no último final de semana, a colunista da Folha Ilustrada Bia Abramo, repetindo o tema, com uma infelicidade incrível, transcreveu o mesmo trecho daquela matéria de novembro.
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A colunista usa, de forma arrogante, para dizer o mínimo, o comentário (não)feito pela profissional de marketing e, com ar professoral, tenta ridicularizá-la, citando, inclusive, seu nome.
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Eu confesso que o nome da colunista me dizia algo, mas não lembrava o que. Pesquisei e vi que ela foi editora de revista, da Folhateen e é professora de jornalismo. Curriculum bacana.
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Mas, o que leva uma professora, formadora de outros profissionais de imprensa, a cometer o que é considerado um erro primário no jornalismo: Não checar uma fonte.
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Não checou a opinião da pessoa criticada, não checou a repercussão da matéria que utilizou, não checou a veracidade das informações contidas. Se foi contestada ou não. Simplesmente, não checou.
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A impressão que dá é a de que a moça olha de cima para outras profissões e outros profissionais. Mesmo não sendo expertise.
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Apesar de caçoar do argumento alheio, não apresenta nenhuma resposta contundente para a questão. E aí Bião, o que leva as crianças a mudar de canal e preferir programas 'live action" aos desenhos animados?
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Cara, não sei o que é pior: se a prepotência do texto ou a falta de proposições para a questão que ela mesma lançou. Com certeza, o conjunto da obra.
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E o editor da sessão, estava fazendo o que? Tomando uma? Como permite que em sua casa duas pessoas diferentes chutem a mesma canela errada?
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Tudo bem que jornal é para vender anúncio e publicidade, mas daí abrir mão, completamente, da veracidade do conteúdo, já é demais. Parece que o cara só está lá para contar as laudas e ver se sua editoria entregou material suficiente para atender ao estabelecido. Isso para mim é desleixo.
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Mas o que esperar de um jornal que têm, em uma de suas principais editorias, um indivíduo que é mais conhecido por ser filho do diretor de um time de futebol que por sua relevância profissional ou pelo cargo que ocupa?
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