domingo, 9 de maio de 2010

Razões Que a Própria Razão Desconhece!

Por Lorena Morais, para o expatriated


O Tito, carinhosamente, me perguntou se eu queria escrever alguma coisa sobre o que vivi ontem no Serra Dourada para publicar no expatriated. Me senti muito honrada com o convite, mas nunca pensei que meu primeiro texto publicado em um blog seria assim, doloroso. Sempre quis publicar algo sobre um jogo do Palmeiras no Serra, a emoção da espera, a madrugada em aeroporto, tarde de sol quente(e por aqui ele é quente pra caralho) em treino...queria poder falar do quanto é bom ser apaixonada pelo Palmeiras, do orgulho dos guerreiros que entram em campo, defendendo nosso escudo. Mas não posso, porque o grupo de “guerreiros” que anda vestindo meu manto sagrado é uma manada desorganizada, que não sabe cruzar, não sabe tocar bola, não chuta pro gol, não sabe bater pênalti e deixa tudo por conta de um Santo.



Se eu tivesse a coragem do Seo Cruz, mandaria um: VAI TOMAR NO CU, PALMEIRAS! Mas tem coisa que só o Cruzão faz por você.

Passei duas semanas em contagem regressiva (por Orkut, MSN, Twitter, Facebook e tudo mais que houver neste mundo informatizado); fui a 3ª pessoa (1ª palmeirense) a adquirir o ingresso; comi as unhas, comi tudo que tinha em casa na véspera do jogo, de tanta ansiedade; fui pro jogo com febre, dor no corpo, garganta inflamada, mas me mantive firme e forte, porque me lembrei que passo 364 dias por ano (todo ano), esperando o Palmeiras jogar aqui, pra ficar perto dele 90 míseros minutos. Eu sempre choro quando os “guerreiros” entram em campo e me acabo quando vejo nosso Santo caminhar rumo à nossa torcida. Isso, pra nós goianos, que estamos longe do Palestra e para alguns (como eu) que nunca foram a São Paulo, é inenarrável, é grande, é glorioso.

Mas ontem, não era meu Palmeiras que estava em campo, não posso acreditar que era aquilo, aquela manada, vestindo minha camisa. Vi um Armero correndo pra caralho, mas também errando passes, vi um Lincoln querendo jogar, vi até o Pierre sendo expulso, vi um Santo puto da vida, pagando geral e vi uns filhos da puta errarem mais pênaltis que minha avó hipertensa.

Ontem quando cheguei do Serra, abri o Twitter e li 'Atlético Goianiense' no TTBr. Sabem quem é Atlético Goianiense? É um time do bairro mais antigo de Goiânia, é um time que só ganha estadual ou nem isso; é um time que tem suas cores e seu escudo inspirados em bambis e flamerdas. Foi pra isso, pra essa merda que meu Palmeiras perdeu. O Palmeiras foi pequeno e tive que engolir uma torcida insignificante chamando-o de timinho, de eliminado e com razão.

Durante a semana, li alguns blogs falando mal do Atlético-Go, alguns até generalizaram e transformaram todos os goianos em atleticanos. Fomos chamados de 'cidade de interior', de 'caipiras' e pasmem, até de 'candangos'. Ficaria aqui dando uma aula de história para esclarecer o que é um goiano e um candango, porém prefiro evitar a fadiga. Devo lembrar que ontem o Serra estava cheio de palestrinos, alguns de sampa, claro, mas a grande maioria de goianos e de toda parte do estado. O Serra Dourada estava cheio de 'caipiras' cantando, gritando, rezando e sofrendo pelo Palmeiras, inclusive a baixinha que vos escreve.

Quando o jogo acabou, fiquei pensando:' será que este Palmeiras aí enxerga os goianos como alguns de seus torcedores paulistas? Será que para ele nós somos um bando de caipiras sem uma gota de sangue italiano e por isso não merecemos torcer por ele ou ver um belo jogo, com vitória e uma classificação?'.

Esta pequena caipira aqui, ama o Palmeiras e lamenta não ser correspondida. Me senti ofendida e desrespeitada. O Palmeiras é meu marido e ele me traiu; me deixou sentada na arquibancada sozinha, chorando muito. Como dizemos por aqui: 'chorei que nem puta largada'. Senti por todos meus queridos amigos paulistas que me desejaram 'bom jogo', 'torça por nós, Loh', 'volte classificada'...chorei por cada um deles. Eu gritei, eu torci, eu cantei, xinguei o juiz, ajoelhei na na hora dos pênaltis e nada. Os guerreiros estavam mortos em campo e o Santo fez o trabalho dele muito bem feito, como sempre. Só que este time precisa de mais de um santo, precisa de toda providência divina pra se salvar e salvar os corações de seus devotos torcedores. Este time precisa de 80 chibatadas em praça pública, precisa de uma diretoria de verdade, de um presidente com sangue nos olhos.

Sabem, eu sou uma caipira frouxa e chorei muito naquela arquibancada. Chorei porque chamaram meu Palestra de timinho, chorei porque ele foi eliminado, chorei porque o Palmeiras perdeu o respeito, chorei por medo dos próximos confrontos. Eu chorei tanto que nem a eliminação dos gambás me fez esquecer. Afinal, era previsível. Gambá e Libertadores é utopia. E zoar gambá ontem, seria como chutar cachorro morto.

Respondi ao Tito que gostaria de escrever pro expatriated, com muita honra, mas só conseguiria falar sobre minha dor. Ontem o Palmeiras me machucou tanto que até hoje dói. Nada grave. Só dói quando eu respiro.

Nota expatriated: Na aula de quarta-feira tive a idéia de pedir para a Loh escrever sobre a experiência dela no Serra Dourada. Imaginava um texto cheio de alegria com a classificação Verde, ainda que com o futebolzinho que o time anda jogando.

Infelizmente não foi o caso. Ficam as palavras de uma torcedora de muito longe e que ama incondicionalmente o Palmeiras por uma daquelas coisas do coração. Razões que a própria razão desconhece.

Depois, por minha viagem para Paris e pelos problemas de fuso horário, sempre brincamos que eu sou o Sol e ela a Lua, a publicação foi adiada para hoje. De qualquer maneira, mesmo após alguns dias e até de outro jogo, suas palavras têm o mesmo efeito. são um sincero desabafo sobre o descalábrio que se abateu sobre o time do nosso coração.

Mesmo assim, fico feliz de postar pela primeira vez um texto de outra pessoa, mas escrito para o expatriated. Este ano o Palmeiras irá jogar mais duas vezes em Goiânia e a Loh estará lá, com certeza. Espero que, da próxima vez que nossa linda colaboradora aqui escrever, a história seja diferente.  O convite já está feito!

Valeu Loh!
         

3 comentários:

Carol disse...

Aêeee, Lóh! #femeaderespeito

Mandou bem, apesar do feio papel do Verdão aí no Cerrado.

Tem de escrever mais. Tomara que os próximos textos sejam para contar as conquistas que, se os deuses quiserem, estão por vir.

Beijão!

Nelson da Cunha disse...

Pois é, menina...Vc espera um ano inteirinho para ver o Verdão e quando chega o jogo não é o Palmeiras que entra em campo.
Pois aquilo que jogou aí não é o seu, o meu, o nosso Palmeiras. Aquilo é um arremedo de time, na verdade um time pequeno, com jogadores pequenos, de diretoria pequena e com técnico pequeno. Portanto, só pederia apresentar um futebol pequeno.
Mas, dias melhores virão, pode ter certeza. Eu confio nisso e espero que já no seu próximo texto isso esteja sanado, e que saia uma mensagem pra cima, altaneira, gostosa de se ler, pois escrever vc sabe muito bem. Parabéns.

Lóh disse...

#Sol:

Estarei no Serra Dourada nos próximos jogos sim.Se o Palmeiras permitir, prometo escrever sobre vitórias, já q estou convidada a escrever novamente.

CAROL:

Obrigada, Carol #femeaderespeito ;)
O Verdão fez feio mesmo.Mas os 2 próximos jogos aqui, serão diferentes e os deuses vão querer(espero..rs).
Minha primeira vez..rs e foi bom pra mim.Ja fui convidada a escrever,então vou praticar,né?Tudo é prática..rs
bjo