Andei lendo, en passant, algumas declarações de autoridades do município de São Paulo e de “especialistas”. Muitos eram categóricos em afirmar que o problema das enchentes está diretamente relacionado a falta de educação da população. O Zé Povinho fica jogando lixo, abandonando móveis nas ruas e tudo isso acaba por entupir o sistema de captação de chuva e causa as inundações.
Não vou ser leviano e comparar médias pluviométricas para apoiar meu pensamento. Seria desleal comparar a capital mundial das chuvas, onde chove sempre , de maneira moderada, com os temporais de verão no Brasil.
Mas podemos fazer algumas comparações. 19 milhões de pessoas vivem em São Paulo que, gasta com limpeza pública R$ 903 milhões por ano, ao passo que, Londres têm nove milhões de habitantes e o custo com limpeza pública anual é de R$ 300 milhões aproximadamente. Só de bater o olho nos valores, já dá para perceber algo bem fedido no lixo paulistano.
Como não sou o PVC e não tenho paciência para fazer cálculos, a coisa aqui vai mais ou menos por aproximação. Se a população da capital britânica fosse a mesma da Paulicéia, Mr Brown, gastaria R$ 600 milhões com o lixo, ou seja, ainda assim Kassab gastaria 50% a mais pelo serviço.
Detalhe, em toda Londres existe coleta seletiva de lixo!
É impossível desconsiderar o custo operacional da coisa. Pensei em fazer uma comparação do custo entre os lixeiros. Fiz algumas contas que, não posso publicar sem tornar isso imoral. Digamos que a diferença é bem grande. O óleo diesel aqui é de 50% mais caro. A manutenção de frota é seguramente mais cara também.
Deixemos os valores de lado por alguns momentos
Londres, ao contrário do que se fala por aí, é uma cidade suja. Qualquer um que caminhe pela cidade de madrugada ou no final da tarde, vai ficar impressionado com a quantidade de sacos plásticos, papéis, copos e bitucas de cigarro jogados nas ruas. Posso afirmar que até partes mais elegantes como Notting Hill, não ficam melhores do que a Avenida Paulista.
A grande diferença é que, às seis horas da manhã começa o serviço de limpeza nas ruas. O mesmo se repete às seis da tarde.
Aqui, a administração municipal estimula a colocação de móveis antigos nas calçadas. Eles são retirados, recuperados, quando possível e doados para a população carente. Todas as manhãs, os caminhões que recolhem apenas esse tipo de “lixo” passam retirando tudo dos passeios.
Ao contrário, em São Paulo, móveis usados são considerados lixo e problema. Os burocratas culpam quem os abandona pelas enchentes. Ou seja, não bastasse pagar muito mais por um serviço muito pior, o cidadão paulistano é obrigado a ver um Zé Mané qualquer que, entende de lixo tanto quanto de física quântica, enfiando o dedo nas câmeras de TV e acusando as vítimas-provedoras.
Não estou elocubrando sobre algo intangível. É sobre o direito pagar e receber um serviço dígno. Não sustentar campanhas políticas, administradores que cagam e andam para o povo e empreiteiros que recebem e não entregam. O pior lixo, aquele que faz mal para os paulistanos está nos gabinetes!
Nenhum comentário:
Postar um comentário