O bairro pobre e a Olimpíada
By Thomas Pappon, via BBC
Daqui a um ano e meio, uma das áreas que há dois anos era uma das mais negligenciadas e carentes de Londres estará, por três semanas, no centro das atenções da mídia mundial.
Dezenas de milhares de pessoas estarão desembarcando diariamente nas estações de metrô, trem ou ônibus do distante bairro de Stratford na zona Leste da cidade, uma espécie de Itaquera londrina, que está passando por uma transformação fenomenal.
Nesta semana, visitei a região com um grupo de jornalistas da BBC. Fomos conhecer o maior canteiro de obras da cidade, a área cercada de 2,5 km² - o equivalente a 357 campos de futebol - que estará no coração da Olimpíada de 2012: o Parque Olímpico.
É ali também que o governo britânico está, em meio à mais grave crise economica enfrentada pelo país nas últimas décadas, investindo 8 bilhões de libras (R$ 23 bi) de dinheiro público em um audacioso projeto: o de usar a Olimpíada para regenerar uma área abandonada da cidade, criando uma comunidade autosustentável que, assim que os Jogos estiverem terminados, será integrada ao bairro, permitindo que a cidade e os moradores locais possam aproveitar um novo parque, novas moradias e centros esportivos de primeira qualidade.
Pelo menos é o que a Olympic Delivery Authority está vendendo - e que parece estar andando no caminho certo, pelo que pude constatar in loco.
Até o início de 2008, o que havia ali eram indústrias abandonadas, descampados, torres de transmissão de energia elétrica, lixões e conjuntos habitacionais precários, espalhados sobre uma região pantanosa cruzada pelo rio Lea.
Aos poucos a área foi limpada, centenas de casa e prédios demolidos e as linhas de transmissão movidas das torres para túneis subterraneos. Cerca de 75% da terra local estavam contaminados, seja com gasolina, piche, metais pesados - tudo foi descontaminado com máquinas especias que "lavam" a terra.
Os canais e riachos ligados ao rio Lea foram limpados e aumentadas para permitir o retorno de pássaros, peixes e anfíbios ao seu habitat natural restaurado- e atrair as hordas debirdwatchers (observadores de pássaros) londrinos.
Dezenas de tipos de espécies nativas de árvores estão sendo plantadas, e uma rede de novos caminhos, ciclovias e áreas de piquenique está planejada para permitir passeios à pé ou de bicicleta.
As obras vão de vento em popa. As estruturas estão todas erguidas, o Estádio Olímpico, o velódromo e o centro aquático - desenhado por Zaha Hadid, com um teto gigantesco sustentado por apenas três blocos de concreto - já tem uma "cara".
Uma estação geradora de energia elétrica - a partir de gás, um sistema supostamente aprovada pelo Greenpeace - que vai alimentar o Parque está pronta e deve entrar em funcionamento ainda neste mês. O Parque também ganhará uma estação de tratamento de esgoto própria.
O que não tiver uso depois dos Jogos será desmontado, vendido e reerguido ou reaproveitado em outra parte do país, como o ginásio do basquete e grande parte dos assentos do Estádio Olímpico e do Centro Aquático. A Vila Olímpica, onde ficarão os atletas, vai ser transformada em 3 mil novas moradias populares.
O que testemunhei foi algo como a metade do caminho nessa enorme transformação. Se levar em conta que os Jogos só começarão daqui a 959 dias, contados a partrir desta sexta, 11 de dezembro, não vejo razões para duvidar de que o que foi prometido será cumprido.
É um projeto que tem tudo para inspirar as autoridades fluminenses na sua preparação para Rio 2016. O negócio é gastar e construir, com um olho no sucesso de um evento que gera empregos e divulga o país, e com o outro na recuperação e desenvolvimento de uma área carente.
2 comentários:
Mais impressionante que a reurbanização de Stratford é descobrir que Thomas Pappon está vivo. Agora só falta responder as seguintes perguntas: Quem fim levou Pepe Escobar? Por onde anda Fernando Naporano?
KKKK, A volta da "lumbia"!!!! KKK
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