Finda-se mais um campeonato brasileiro que, assim como os últimos cinco, teve mais notícias dígnas de páginas policiais do que esportivas. Na verdade, tirando o primeiro campeonato por pontos corridos, quando as marias sobraram, em todos os outros houve choradeira.
Escrevo esse post um dia antes do encerramento de campeonato, onde o time do meu coração ainda tem uma remota possibilidade de ganhar e isso não muda nada!
O fato é que a tal fórmula se mostra inadequada à cultura futebolística brasileira. Pode funcionar em outros cantos, onde gente realmente profissional administra e joga, o que não é o nosso caso. Ver um patético ex-jornalista em atividade tentando defender sua cria, usando os mais descabidos argumentos, é a prova concreta de que já passou a hora de mudar.
Entretanto, a reformulação deve ser mais ampla. Completamos dez anos de Lei Pelé e nada há para ser comemorado. As brilhantes mentes que geraram a obra, mataram os times do interior, quebraram os times grandes e enriqueceram a máfia dos agentes.
Eu pergunto: Quanto tempo faz que os leitores não vêem uma negociação entre dois clubes brasileiros? Muito, não? Sabem porque? Por que desde a malfadada lei, o rabo abana o cachorro. Quem decide é o agente. O clube nada mais é do que a cama onde a meretriz ganha a vida e o proxeneta se locupleta.
Jogador brasileiro nunca foi muito profissional, só que agora a falta de comprometimento passa dos limites. Muito "bem assessorados", viraram estelionatários. A única coisa que têm na cabeça é tomar dinheiro de algum clube, seja daqui ou do exterior. Só jogam quando e onde querem, se é que querem.
Com o desaparecimento dos clubes do interior, a molecada acaba procurando essas escolinhas de futebol que, invariavelmente levam a um "empresário" e esse passa a "orientar", a troco de reza, a criança e sua família.
Logo depois, a moçada é levada para algum dos clubes que ainda existem e colocadas nas categorias de base. O jovem jogador já tem sua carreira traçada; Uma temporada, no máximo, no clube pequeno e depois mais um pouco de tempo em um clube grande e vamos para a Europa ganhar dinheiro.
Grana recebida na gringolândia, é hora de encostar o corpo e dizer que está com dificuldades de adaptação e que só voltando para o Brasil vai recuperar o bom futebol. Vide o caso da Bonek 9(11). Depois de meia temporada, é hora de voltar para o Eldorado. Tentam renegociar o contrato, se não der, forçam a transferência para outro clube e o processo se reinicia.
Os primeiros monstrengos da Lei Pelé, como Ronaldinho Gaúcho e Robinho, por exemplo, entraram em decadência muito antes dos trinta anos. Posso escrever de cátedra; Robinho é piada, toda semana na imprensa inglesa, a ponto de, durante a transmissão da partida entre Brasil e Inglaterra, um dos comentaristas da BBC dizer que Dunga havia escalado o jogador na mesma posição em que atua no City: Na tribuna!
O Exemplo do zagueiro David, ex-Palmeiras é recente e recorrente. O clube investe oito, dez anos no jogador e ele chega aos profissionais. Passado o prazo máximo do agente (uma temporada), acham uma brecha, arrumam uma liminar trabalhista e o boleiro se manda para outro continente.
Aí o caso é julgado e o clube recupera seus direitos. O trabalhador recorre, para perder outra vez mais lá na frente. No final das contas, o clube vira credor de uma fortuna que, o jogador nunca terá como pagar e acabam fazendo um acordo para resolver o impasse. Quem ganhou nessa história toda? Só o empresário.
Não dá para pensar em futebol como negócio, com a legislação em vigor. O resto é retórica. Se não forem encontradas fórmulas para garantir o investimento dos clubes nas categorias de base, a penúria vai continuar. É o time quem deve definir e planejar o futuro, em conjunto com o jogador. O poder indeterminado dos agentes precisa acabar, sob pena de o descrédito no jogador brasileiro chegar a um ponto que diminuam muito as opções de mercado externo.
É necessária, ainda, alguma iniciativa que faça reviver o futebol do interior, o verdadeiro celeiro de craques. Isso passa obrigatoriamente pela re-valorização dos campeonatos estaduais. Não dá para pensar em tentar estruturar agremiações que disputam jogos oficiais apenas três meses por ano.
Concluindo; Que a temporada comece em fevereiro e o brasileirão seja jogado dali até dezembro, apenas uma vez por semana. O primeiro semestre ainda teria a Libertadores e a Copa do Brasil, e após a janela FIFA de transferências, sejam disputados os estaduais e a Sulamericana.
Assim a televisão estaria abastecida durante todo o ano, sem necessidade de mudanças de tabela e o futebol de uma maneira geral ganharia um calendário que possibilitasse a sobrevivência de mais clubes.
4 comentários:
Diria que seus argumentos não são perfeitos apenas por um questão de rebeldia latina de minha parte.
KKKK Boa essa!
abs
Pois é,Tito.
Os agentes acabaram com os clubes.
Cace alguns no Twitter e verás o nível desse pessoal.
Pior. Os jornalistas tem uma relação promíscua com essa gente. Especulação de mão dupla.
Ou vc acha que os plantadores de notícia não recebem seu cachê no final da transação.
O futebol virou coisa de famiglia.
abs
Opa! A Lei Pelé so foi boa para essa gente; Agentes e jornalistas venais.
Mas qual a novidade sabendo que o texto foi obra do JK?
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