quarta-feira, 9 de junho de 2010

A Banda Frouxa

Enquanto estou aqui brigando com minha conexão de internet, fico pensando em como determinados segmentos não são fiscalizados. A O2, do Grupo Telefonica, me vendeu uma conexão de 3GB e o que eu tenho normalmente é acesso em velocidade "discada". Quando liguei para reclamar, o atendente me disse que a tal velocidade é válida para downloads e que a velocidade real de conexão é variável e depende da URB (antena) da área.

Fiquei com cara de trouxa. Primeiro por ter trabalhado sete anos na telefonia móvel e mesmo assim nadei, sem argumentos quanto a questão da velocidade, afinal a qualidade do sinal via URB é realmente variável, dependendo da quantidade de usuários. Encerrei a conversa antes de ouvir a célebre frase: "O senhor não leu o contrato?". 

O caso é que independente do quão relapso eu sou com meus contratos, não existia onde moro, outra opção senão a mobile broadband. Comprei o que estava disponível até aparecer uma outra solução melhor, mas isso é outra história. A O2 anuncia conexão de 3GB e não existe como garantir isso. Vende gato por lebre e não é penalizada. 

Se não me engano, depois de um apagão na rede do Speedy, a Telefonica de São Paulo ficou impedida de vender pacotes até qualificar seu sistema, ou seja, em ambos os lados do Atlântico o costume da tele espanhola é o mesmo, vende uma coisa e entrega outra, a diferença foi a punição.

Tempos atrás, chegou em minhas mãos um exemplar de Veja. Dei uma folheada na corporative brochure dos Civita e parei para ler uma matéria sobre o Plano Nacional de Banda Larga (imagem ao lado). Até gracinha fizeram, ilustrando o texto com uma múmia que tinha escrito no peito Telebrás.

Na realidade, tudo girava em torno a reativação da estatal e no fato de o controle do projeto ficar sob responsabilidade do Estado. Em certo trecho, o porta voz de uma das empresas alega que o governo vai oferecer apenas 1 mega de velocidade e que os padrões internacionais só consideram broadband, conexões com velocidade acima de 2 Mb. Lembrei que em 2004, se não me engano, comprei um plano de banda larga Net Vírtua de 1 Mega! Ora, assim sendo, a empresa, então da família Marinho, também dava cambau nos clientes! Que coisa!

Voltando a tal matéria, a alegação para os valores cobrados pelos serviços e o baixo investimento privado no setor são justificados pela elevada tributação. E finaliza com o surrado bordão liberal/vendilhão de que se o governo baixasse os impostos e entregasse a grana do investimento para as telecons o serviço seria melhor e atingiria muito mais pessoas. Ah tá. E justificativa para o fato das empresas venderem X e entregarem Y, nada? 

O silêncio da revista quanto a qualidade do que os usuários são obrigados a aceitar, pouco importando o que lhes foi prometido, me faz pensar que o texto é mais um daqueles manifestos corporativos que Veja publica sem vergonha alguma. Também imagino que não demorará para cair o pano e todos constatarem que a tal banda "meio" larga popular de singelos 1 Mb funcionará melhor e mais barato que as maravilhas vendidas a peso de ouro e com montanhas de publicidade. Aí os senhores do feudo vão gritar mais que a cuíca do Mestre Oswaldinho, contra a concorrência desleal do Estado.

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