segunda-feira, 21 de junho de 2010

Os Urubus de Plantão

Por Marco Mello, via DoLaDoDeLá

Eu tentei evitar. Fiquei tangenciando, escolhendo abordagens paralelas, mas hoje não dá. Tenho que falar da seleção e do nosso técnico. Até ontem o Dunga era considerado burro, truculento, autoritário, até de nazi-fascista chamaram o cara na televisão. Tudo porque ele tem sido coerente desde o início. Fez uma boa campanha nas eliminatórias e trouxe a equipe até aqui apostando no conjunto. Insistiu em jogadores considerados mortos, sobretudo pelas críticas carioca e paulista: como por exemplo o Robinho, que tentaram apagar na Inglaterra, o Luis Fabiano que está fora do eixo Madrid-Milão e o próprio Kaká, contundido às vésperas do mundial. E assim, de súbito, silenciou os corneteiros de plantão. O que se viu neste domingo não chegou a ser um espetáculo tempestuoso, digno dos melhores que já vimos a seleção jogar, mas não faltaram lampejos do consagrado futebol-arte. Que coisa, né, às vezes é preciso um jumento para levar o peso nas costas morro acima, não é mesmo? As escolhas foram claras: Dunga apostou na experiência (a seleção é a que tem a maior faixa etária média: pouco mais de 29 anos) porque ele sabe que lá na frente a camisa pesa e a responsabilidade também. Muitos já disputaram finais em seus clubes e a maioria deles já é consagrada, convive com a fama diariamente. Também não podemos nos esquecer que um atleta de ponta precisa ter rotina (dieta, treino, disciplina) coisas que os mais jovens são tentados a deixar de lado quando os holofotes acendem e quase sempre cegam. Dá para imaginar o que se passa na cabeça de um jovem que tem a atenção de 200 milhões de brasileiros, fora os gringos? Multiplica por dez, vinte... Não é fácil. Mas está ficando, com a ajuda de Dunga e suas escolhas. Uma delas é deixar os urubus da imprensa bem longe deles. Espero que dê certo.

Nota expatriated: O melhor da performance de Dunga que, vai ganhando cada vez mais o meu respeito e admiração, foi a entrevista coletiva. Chamou os tais “urubus” do Marcão de coxinha e empadinha. Com direito a uma dura particular no comentarista Alex Escobar, da Globo. Novos Tempos!

Não é preciso muito esforço para imaginar que a reação da Empresa de Comunicações como soi acontecer, foi desproporcional. Vejam a versão oficial:


Acho que quando faz esse tipo de crítica, a emissora deveria deixar as supostas ofensas do treineiro ao jornalista e não colocar os famosos "piiis". Conhecendo a maneira nefasta como jornalismo é feito Ali (Kamel), soa armação. 

Quanto ao lance que causou a expulsão de Kaká, dois cometários:

1 - O camisa 10 foi ingênuo e pagou por isso.

2 – Ouvir jornalistas na transmissão da BBC indignados com a simulação do jogador da Costa do Marfim é aceitável. Partindo de brasileiros parece piada. Todo jogo de futebol no Brasil tem isso. - Ah! Mas é Copa do Mundo – Beleza. Aí entra em ação a amnésia seletiva da impren$inha, esqueceram do lance de Rivaldo contra a Turquia em 2002.

Resumindo. Teatro para cavar falta ou expulsão e gol com ajuda de braço/mão é imoral quando não me beneficia. Bonito!

Imagem by Reuters


2 comentários: