terça-feira, 29 de junho de 2010

Brazil-zil-zil; Match Four

Ontem fui assistir ao jogo do Brasil com um amigo inglês, o Matt, em Harlesden. Escolhemos o The Misty Moon Pub no coração do reduto da comunidade luso-brasileira. O lugar é enorme e tem ar condicionado, apropriado para os 30ºC de uma noite de verão. As ruas estavam coloridas. A torcida, predominantemente de teenagers, fazia a festa.

O pub

Brasileiros de uma geração apátrida que, saiu ainda criança de sua terra natal pela falta de oportunidades, não para eles que, vieram de roldão. Para seus pais.

São bilingues, contudo preferem se comunicar em português. Não são ingleses, nem nunca serão. São brasileiros com poucas referências da terra natal, talvez por isso, no lugar quase não havia gente com camisas de times nacionais. Apenas eu e dois leonores. Os clubes que eles conhecem e torcem são o Arsenal, o Liverpool ou o Chelsea.


Mas independe de qualquer coisa, ontem era o dia de sair da perversa clandestinidade em que a maioria vive. De vestir verde e amarelo e reencontrar o orgulho. O futebol os torna importantes, os melhores do mundo. Cantaram o Hino Nacional a plenos pulmões e tornaram difícil não ficar emocionado escutando. Torceram e comemoraram muito os gols. Não entoaram gritos de guerra, pois, provavelmente não conhecem nenhum.

1 X 0 - Juan

2 X 0 - Luiz Fabiano

3 X 0 - Robinho

Ao final do jogo, em festa, foram para as ruas do bairro cantar e dançar axé music, felizes pela vitória do país onde nasceram, do qual falam a língua, mas conhecem pouco. Matt ficou impressionado com a quantidade de gente e com o barulho e definiu aquilo como a manifestação de uma religião.

Hoje a vida será normal em Harlesden. Eles voltarão a ser o que sempre foram; estrangeiros clandestinos, com poucas perspectivas de uma vida melhor por aqui e que ainda acreditam que em casa a coisa seria pior. É a maldição dos séculos de descaso dos governantes para com seu povo.

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