O Chile ganhou seus dois jogos nesta Copa por 1 a 0 - contra Honduras e Suíça. Dois resultados injustos. Quem viu as partidas sabe que os chilenos poderiam - e deveriam - ter goleado. Apesar de liderarem o Grupo H, eles correm o risco de serem eliminados caso percam para a Espanha e a Suíça vença Honduras. Neste caso, haveria um tríplice empate em seis pontos, e a vaga seria decidida no saldo de gols. Gols que o Chile não soube fazer.
Mas não foi por culpa de Valdivia. Saindo como titular contra Honduras e entrando no segundo tempo contra a Suíça, o Mago foi o grande destaque do Chile nos dois jogos, sempre servindo seus companheiros com açúcar. Foi assim que surgiu o gol da vitória sobre os suíços.
Num time repleto de "fominhas" como Sanchez, Mark Gonzalez e Beausejour, Valdivia parece ser o único que tem o botão de passe. E o mundo inteiro já percebeu isso. Logo após a partida contra a Suíça, Valdivia foi o escolhido pela Fifa para dar a primeira entrevista pós-jogo - aquele papo rápido na beira do gramado, transmitido para todo o planeta ao vivo.
É o auge da carreira de Valdivia. Escondido no futebol árabe, ele poderia, enfim, conseguir uma transferência para um clube de ponta da Europa. Poderia.
Mas o sonho dele parece ser voltar ao Brasil - mais especificamente, ao Palmeiras. Na saída do vestiário, ele parou para dar entrevistas à TV Globo e dizer: "O Palmeiras está montando um time forte. Acho uma boa hora para voltar (ao clube)."
Até a tia que varre a lanchonete do Palestra Itália sabe que Valdivia seria a cereja do bolo - ou a azeitona da pizza - da diretoria palmeirense na tentativa de ressuscitar o time, abatido pela duradoura crise interna que já vitimou treinadores, jogadores e dirigentes. Felipão e Kléber já voltaram. Se Valdivia tomar o mesmo caminho, vai ter torcedor chorando de emoção. E Luiz Gonzaga Belluzzo poderá deixar o cargo no fim do ano em alta - o que não apagaria, claro, seus muitos erros administrativos, que fizeram dele a grande decepção da administração esportiva no Brasil nos últimos tempos, ao lado de Bebeto de Freitas no Botafogo.
A troca de patrocinadores - saiu a Samsung e voltou a Fiat - serviu para dar uma turbinada no caixa do Palmeiras. Outros acordos publicitários virão - na manga da camisa, nos calções, em ações diversas de marketing. É com esse dinheiro que vai entrar que a diretoria viabilizará as contratações de Felipão, Kléber e Valdivia.
O dinheiro ainda não entrou. Mas Valdivia parece decidido a vir mesmo assim. Ele, Kléber e Felipão têm uma coisa em comum: conseguiram conquistar a exigente torcida do Palmeiras, de longe a mais difícil de se conquistar no futebol paulista.
É óbvio que os três não estão rasgando dinheiro - serão muito bem remunerados para vestir verde novamente. Mas é inegável que a paixão ainda conta - e muito - para alguns no futebol.
É por isso que tem palmeirense torcendo para Valdivia deixar de jogar bem na Copa. Não por ingratidão. Mas por temer que, brilhando com a camisa chilena, ele acabe chamando a atenção de um clube europeu. Como diria o poeta, o coração tem razões que a própria razão desconhece.
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