A montadora japonesa Toyota admitiu nesta quinta-feira que seu modelo Prius 2010 tem problemas no sistema de freio, mas não confirmou se vai ou não realizar um recall do veículo.
Segundo o diretor de qualidade da Toyota, Hiroyuki Yokoyama, a companhia identificou o problema do Prius e já sabe como consertá-lo. Yokoyama disse que os freios do modelo vem sofrendo de uma "ligeira falta de resposta".
O problema é que o carro possui dois sistemas de freio: um regenerativo, que gera energia para carregar a bateria conforme o motorista freia, e um convencional. É a transição entre os dois que não vem ocorrendo adequadamente.
Pressionada por autoridades americanas e japonesas, a Toyota se viu obrigada a se manifestar sobre as diversas reclamações dos clientes em relação ao Prius.
Até esta quinta-feira, a montadora confirmou ter recebido 77 reclamações de problemas no freio do automóvel. O governo japonês recebeu outras 14 reclamações, enquanto a autoridade americana de segurança no trânsito registrou 136 casos de falhas na freagem do modelo, sendo que quatro deles resultaram em batidas, duas dessas envolvendo feridos.
O problema no Prius agrava a situação da montadora, que já havia anunciado em janeiro um recall de 8 milhões de unidades de outros sete modelos que apresentaram problemas no acelerador.
Reclamações
Na quarta-feira, a Toyota rebateu críticas sobre o atraso em anunciar o recall dos sete modelos que teriam apresentado problemas com o pedal do acelerador.
As primeiras reclamações sobre o pedal – que fica preso, dificultando a desaceleração e, em alguns casos, mantendo o pedal na posição de aceleração máxima – foram registradas em 2008.
Mas o recall de milhões de carros em todo o mundo foi anunciado apenas em janeiro deste ano. Em uma entrevista à BBC, o diretor de Relações Públicas da Toyota, Scott Browlee, disse que o atraso se devia ao fato de que as primeiras reclamações estavam relacionadas à qualidade e não à segurança dos veículos.
“Não havia indicação, naquele momento, de que o acelerador preso causaria um problema de segurança. A primeira indicação que tivemos de que seria uma questão de segurança foi no final do ano passado”, disse Browlee.
“Tivemos que investigar para identificar a causa e ver se havia uma problema comum para então analisar como poderíamos consertá-lo”, afirmou.
A montadora afirmou que não tem conhecimento de nenhum acidente provocado pelo problema com o acelerador, mas que alguns incidentes teriam sido registrados na Europa.
O recall anunciado pela Toyota afetará cerca de 8 milhões de veículos em todo mundo. Os modelos atingidos são o Aygo, iQ, Yaris, Auris, Corolla, Verso e Avensis e cobre veículos fabricados desde fevereiro de 2005.
Vendas
A montadora japonesa, a maior do mundo em vendas, também divulgou nesta quinta-feira que no último trimestre de 2009, suas vendas somaram 5,3 trilhões de ienes (R$ 106 bilhões), uma alta de 10,2% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Com base na alta nas vendas no final do ano, a empresa prevê fechar o ano fiscal que termina em 31 de março de 2010 com lucro líquido de 80 bilhões de ienes (R$ 1,6 milhões).
Apesar do otimismo, a cotação das ações da montadora na bolsa estão em queda. Nas duas últimas semanas, a redução foi de 20%. Na bolsa de Tóquio, sua cotação atingiu seu mais baixo valor dos últimos dez meses.
A operação de recall pode custar cerca de US$ 2 bilhões em vendas e perdas e forçar a empresa a cortar as previsões de vendas para 2010.
Um comentário:
Engraçado esse cartoon do rabecão. A propósito: eu não tenho nada contra o Corolla, e até onde eu pude ver nos modelos brasileiros o problema por aqui foi causado por ignorância dos proprietários que não mantiveram as presilhas de segurança dos tapetes corretamente fixadas. Mas o Prius não me parece fazer tanto sentido, com toda a eletrônica embarcada consome mais combustível que um Golf velho a diesel. Se ao menos o próprio Prius fosse disponibilizado com um motor a diesel como o 1.4 atualmente oferecido no Corolla europeu e um câmbio mais eficiente como o CVT disponibilizado no Corolla Axio japonês já poderia se justificar a suposta "ecologia", apesar de carregar uma bateria pesada e cheia de produtos químicos que num vazamento podem contaminar solo e lençol freático, ou num incêndio liberar mais vapores tóxicos.
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