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Segundo o Kélinha, praticamente, todos os dias, o correspondente da Globo em Londres, Marcos Losekan, apresenta no Jornal Nacional matérias sobre como a crise está abalando a economia no Reino Unido.
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Fiquei com a sensação de estar alienado de tudo que se passa ao redor do meu umbigo. Vivendo no País das Maravilhas. De tanto o cara falar, começei a ler, diariamente, vários dos jornais on line daqui.
Realmente, existem alguns setores da economia que estão piores do que outros. Sabidamente, os dos bens duráveis.
Várias perguntas vêm à minha cabeça. Será que a imprensa local sofre censura? Ou têm algum debriefing que orienta a evitar a publicação de assuntos que poderiam causar alarme na população?
Será que a imprensa brasileira é espetaculosa e adora alarmismo? Ou ainda, é informação “chapa branca”, para mostras aos brasileiros que o resto do mundo está bem pior que aí?
Acredito que deve ter um pouquinho de cada coisa. Como não sou o ator mais indicado para esta peça, convido meu amigo Marco Aurélio Mello para postar aqui sobre o assunto. Afinal, de jornalismo e economia ele entende, e muito. Tem o perfil exato para o papel.
... E o Kélinha, segue inconformado.
O Marco deu-se ao trabalho de escrever neste modesto espaço. Fez um comentário muito legal, que vou reproduzir:
"Obrigado pela deferência. Mas acho que você respondeu bem. É um pouco de tudo. O jornal que o Kéla assiste (eu deixei de assistir depois de conhecer bem como se faz)funciona assim: Há uma reunião às 11h da manhã chamada reunião de caixa. O editor-chefe, no caso o William Bonner, vai chamando lá do balneário, antiga capital do país, a cidade maravilhosa, purgatório da beleza e do caos, as 'praças' Brasília, São Paulo, Belo Horizonte, etc...
Depois abre espaço para as editorias internacionais que fazem suas ofertas. Portanto, o segredo passa a ser 'quem' oferta e 'o quê' oferta.
Os repórteres precisam aparecer, preferencialmente todos os dias, o que faz do apelo sensacionalista uma tentação. Quem vender bem o peixe freqüenta o jornal daquele dia com um vt que nunca passa de 1 minuto e quarenta segundos, quando é 'factual', salvo raras exceções.
Deu para entender mais ou menos como funciona esta 'rede de intrigas'?É assim que se faz o telejornalismo da principal emissora de televisão do país.
Conheço pouco a realidade britânica, mas sei que assim como o Brasil está para o futebol, os ingleses estão para a imprensa. Eles tem The Independent, BBC, e tem também os tablóides tão ou mais sensacionalistas que os mais sensacionalistas no Brasil.
Advinhe qual é a leitura preferida de um correspondente?
Espero ter contribuído para o debate.
beijos,
Marcão."
3 comentários:
Obrigado pela deferência. Mas acho que você respondeu bem. É um pouco de tudo. O jornal que o Kéla assiste (eu deixei de assistir depois de conhecer bem como se faz)funciona assim: Há uma reunião às 11h da manhã chamada reunião de caixa. O editor-chefe, no caso o William Bonner, vai chamando lá do balneário, antiga capital do país, a cidade maravilhosa, purgatório da beleza e do caos, as 'praças' Brasília, São Paulo, Belo Horizonte, etc... Depois abre espaço para as editorias internacionais que fazem suas ofertas. Portanto, o segredo passa a ser 'quem' oferta e 'o quê' oferta. Os repórteres precisam aparecer, preferencialmente todos os dias, o que faz do apelo sensacionalista uma tentação. Quem vender bem o peixe freqüenta o jornal daquele dia com um vt que nunca passa de 1 minuto e quarenta segundos, quando é 'factual', salvo raras exceções. Deu para entender mais ou menos como funciona esta 'rede de intrigas'?
É assim que se faz o telejornalismo da principal emissora de televisão do país.
Conheço pouco a realidade britânica, mas sei que assim como o Brasil está para o futebol, os ingleses estão para a imprensa. Eles tem The Independent, BBC, e tem também os tablóides tão ou mais sensacionalistas que os mais sensacionalistas no Brasil. Advinhe qual é a leitura preferida de um correspondente?
Espero ter contribuído para o debate.
beijos,
Marcão.
Piadas da redação:
Na primeira divisão, corinthians anuncia contratação de peso.
Ronaldo Fenômeno, um flamenguista roxo travestido de corinthiano.
Ronaldo e Fiel, um caso de amor incondicional.
Depois da super explicação do Marco, sobra muito pouco a dizer sobre o indigesto telejornal da hora do jantar. Se a gente pensar em como o jornalismo - e povo britânico - vem tratando a crise não dá para não lembrar da cena do casal inglês discutindo controle de natalidade em "O Sentido da Vida" do Monty Python. A verdade é que essa gente encarou coisas muito mais graves, como a Guerra dos Cem Anos, a Peste, incêndios, fome, bombardeios ... Então, crise econômica com 2 anos de duração, para eles, é como a constatação que o açucareiro está vazio ou coisa parecida. É só uma chateação passageira.
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