terça-feira, 9 de dezembro de 2008

A economia Britânica e o Kélinha incorformado (Updated)


Tenho conversado com meu amigo Kélinha, quase que diariamente. Um dos assuntos que sempre vem à tona é a crise econômica. Ele fica incorformado porque sempre digo que, aqui, a coisa não está tão feia.
.
Segundo o Kélinha, praticamente, todos os dias, o correspondente da Globo em Londres, Marcos Losekan, apresenta no Jornal Nacional matérias sobre como a crise está abalando a economia no Reino Unido.
.
Fiquei com a sensação de estar alienado de tudo que se passa ao redor do meu umbigo. Vivendo no País das Maravilhas. De tanto o cara falar, começei a ler, diariamente, vários dos jornais on line daqui.

Realmente, existem alguns setores da economia que estão piores do que outros. Sabidamente, os dos bens duráveis.
.
A crise mais comentada por aqui, entretanto, é a da carne de porco da Irlanda, contaminada com dioxinas que vai prejudicar a ceia de Natal de muitos ingleses.

Para não deixar dúvidas, mostro as Highlights de alguns jornais de hoje. Vocês devem clicar nas imagens, para ampliá-las. Os links estão aí, também:

.The Independent

.Daily Mail

BBC News

Várias perguntas vêm à minha cabeça. Será que a imprensa local sofre censura? Ou têm algum debriefing que orienta a evitar a publicação de assuntos que poderiam causar alarme na população?

Será que a imprensa brasileira é espetaculosa e adora alarmismo? Ou ainda, é informação “chapa branca”, para mostras aos brasileiros que o resto do mundo está bem pior que aí?

Acredito que deve ter um pouquinho de cada coisa. Como não sou o ator mais indicado para esta peça, convido meu amigo Marco Aurélio Mello para postar aqui sobre o assunto. Afinal, de jornalismo e economia ele entende, e muito. Tem o perfil exato para o papel.

... E o Kélinha, segue inconformado.

O Marco deu-se ao trabalho de escrever neste modesto espaço. Fez um comentário muito legal, que vou reproduzir:

"Obrigado pela deferência. Mas acho que você respondeu bem. É um pouco de tudo. O jornal que o Kéla assiste (eu deixei de assistir depois de conhecer bem como se faz)funciona assim: Há uma reunião às 11h da manhã chamada reunião de caixa. O editor-chefe, no caso o William Bonner, vai chamando lá do balneário, antiga capital do país, a cidade maravilhosa, purgatório da beleza e do caos, as 'praças' Brasília, São Paulo, Belo Horizonte, etc...

Depois abre espaço para as editorias internacionais que fazem suas ofertas. Portanto, o segredo passa a ser 'quem' oferta e 'o quê' oferta.

Os repórteres precisam aparecer, preferencialmente todos os dias, o que faz do apelo sensacionalista uma tentação. Quem vender bem o peixe freqüenta o jornal daquele dia com um vt que nunca passa de 1 minuto e quarenta segundos, quando é 'factual', salvo raras exceções.

Deu para entender mais ou menos como funciona esta 'rede de intrigas'?É assim que se faz o telejornalismo da principal emissora de televisão do país.

Conheço pouco a realidade britânica, mas sei que assim como o Brasil está para o futebol, os ingleses estão para a imprensa. Eles tem The Independent, BBC, e tem também os tablóides tão ou mais sensacionalistas que os mais sensacionalistas no Brasil.

Advinhe qual é a leitura preferida de um correspondente?

Espero ter contribuído para o debate.

beijos,

Marcão."

3 comentários:

maureliomello disse...

Obrigado pela deferência. Mas acho que você respondeu bem. É um pouco de tudo. O jornal que o Kéla assiste (eu deixei de assistir depois de conhecer bem como se faz)funciona assim: Há uma reunião às 11h da manhã chamada reunião de caixa. O editor-chefe, no caso o William Bonner, vai chamando lá do balneário, antiga capital do país, a cidade maravilhosa, purgatório da beleza e do caos, as 'praças' Brasília, São Paulo, Belo Horizonte, etc... Depois abre espaço para as editorias internacionais que fazem suas ofertas. Portanto, o segredo passa a ser 'quem' oferta e 'o quê' oferta. Os repórteres precisam aparecer, preferencialmente todos os dias, o que faz do apelo sensacionalista uma tentação. Quem vender bem o peixe freqüenta o jornal daquele dia com um vt que nunca passa de 1 minuto e quarenta segundos, quando é 'factual', salvo raras exceções. Deu para entender mais ou menos como funciona esta 'rede de intrigas'?
É assim que se faz o telejornalismo da principal emissora de televisão do país.
Conheço pouco a realidade britânica, mas sei que assim como o Brasil está para o futebol, os ingleses estão para a imprensa. Eles tem The Independent, BBC, e tem também os tablóides tão ou mais sensacionalistas que os mais sensacionalistas no Brasil. Advinhe qual é a leitura preferida de um correspondente?
Espero ter contribuído para o debate.
beijos,
Marcão.

maureliomello disse...

Piadas da redação:

Na primeira divisão, corinthians anuncia contratação de peso.

Ronaldo Fenômeno, um flamenguista roxo travestido de corinthiano.

Ronaldo e Fiel, um caso de amor incondicional.

Lilian disse...

Depois da super explicação do Marco, sobra muito pouco a dizer sobre o indigesto telejornal da hora do jantar. Se a gente pensar em como o jornalismo - e povo britânico - vem tratando a crise não dá para não lembrar da cena do casal inglês discutindo controle de natalidade em "O Sentido da Vida" do Monty Python. A verdade é que essa gente encarou coisas muito mais graves, como a Guerra dos Cem Anos, a Peste, incêndios, fome, bombardeios ... Então, crise econômica com 2 anos de duração, para eles, é como a constatação que o açucareiro está vazio ou coisa parecida. É só uma chateação passageira.