quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Dava para escrever um livro ...

Minha manhã foi bem atípica, saí pra fazer uma coisa e acabei vendo e conhecendo várias coisas novas. Dava para escrever um livro.
.
Prólogo
.
Logo cedo, no café da manhã, a Anne me contou que o protocolo do meu visto definitivo vai demorar, pelo menos, umas quatorze semanas para chegar.
.
O que isto significa?
.
Na volta da França, terei que passar pela imigração, como qualquer não residente entrando no Reino Unido e, com possilidade, ainda que remota, de levar um não na fuça.
.
Sendo assim, a empresa responsável pelo visto, sugeriu que levemos tudo que é documento possível, como por exemplo a Escritura de União estável, de preferência traduzida e juramentada.
.
Depois que deixei a Valentina na escola, entrei na internet, para ver se o Consulado faz ou indica alguém para o serviço. Lá havia a indicação da ABRAS - Associação Brasileira no Reino Unido. Liguei para a ABRAS e fui levar o documento para traduzir. Peguei o endereço, passei pelo Google Maps, imprimi e fui para o metrô.
.
Capítulo Primeiro:
.
Peguei a linha verde (district) até Paddington e de lá a marrom (Bakerloo), por seis estações, para Willesden Junction, meu destino.
.
A Bakerloo Line, no princípio, é parecida com as demais linha subterrâneas, até o ponto em que passa a ser overground. Daí pra frente vai ficando cada vez mais feia a paisagem. Linhas férreas para todo o lado e mais adiante lembra o cenário de Fuga de Nova York (Escape from New York). Pichações para todo lado, lixo e carcaças de carros, para completar a cena. Enfim, depois de um tempão cheguei em Halersden.
.
Capítulo Segundo:
.
Saindo da estação, perguntei onde era a Station Road e o cara me disse que eu teria que andar uns 500 metros e estaria lá. Chegando na tal rua, já dá pra sentir que algo é bem diferente por ali. Tem café, mercearia, agência de viagens e casa de câmbio. Tudo brasileiro, muito verde e amarelo nas paredes e muita bandeira do Brasil.

Deu vontade de dar uma olhada na mercearia, mas, como estava um frio infernal, desisti. Quem sabe, quando for buscar o documento na terça-feira.
.
.
Não fiquei mais do que 20 minutos na ABRAS. A moça que me atendeu, Helenice, fez uma cópia do meu documento e eu saí.
.
Quando iniciei o caminho de volta, percebi que havia uma porta para o metrô, na própria Station Rd., pelo nome, nada mais lógico. Na chegada, saí para o lado errado.
.
Capítulo Terceiro:
.
Voltei para Willesden Junction, esperei exatos 12 minutos pelo trem, na estação que era aberta e que ventava um monte. Sem contar, a paisagem deprimente. Deixei o "campo e começei o caminho de volta.
.
Em Queens Park, o autofalante avisou que todos deveriam descer pegar o próximo trem. Saí, estava puto e duro de frio. Por sorte, na plataforma, que também era aberta, tinha um quiosque que vendia café. Comprei um.
.
Passados uns cinco minutos, o trem chegou, subimos todos nele, que fechou as portas mas não se moveu. Mais cinco minutos nessa situação. Então, aparece uma funcionária do metro e avisa que Bakerloo Line está fechada e que todos deveriam descer.
.
Desci sem saber para onde ir, saí da estação para pegar um táxi até algum lugar conhecido, só que a saída era em um viaduto. Percebi que por alí não pararia nenhum táxi.
.
Várias pessoas começaram a atravessar o viaduto e eu fui para lá também, vi placas de rua indicando o caminho de Paddington e tive a sensação de estar em Londres outra vez.
.
Cheguei em um ponto de ônibus, descobri que este seria o meu transporte para escapar dali. Olhei o mapa das linhas que passavam por ali e vi um que ia até Marble Arch, Oxford Street. Linha seis para Aldwych, mais uns dez minutos e meu bumba chegou.
.
.
Até então, eu não tinha andado de ônibus aqui, entrei no double deck e subi, é claro. Andar de buzão em Londres e não conhecer o segundo andar, é o mesmo que ir para Roma e não ver o Papa.
.

Epílogo:

Desci do ônibus em Marble Arch Station. Lá conheci Godô, o ratinho do metrô !!!!

.
Peguei o metrô de volta para casa. Assim acabou minha aventura, depois de três horas na rua, para levar um documento para traduzir. Não tem jeito, o negócio é "Do limão, fazer uma limonada". Foi divertido andar de ônibus.

Nenhum comentário: